CASO BERNARDO | Pai disse que não matou e acusa a madrasta pelo crime

Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução

Da redação | No terceiro dia do julgamento do caso Bernardo, foi a vez do pai da vítima, Leandro Boldrini , depor. Ele é acusado de homicídio quadruplamente qualificado (motivo torpe, fútil, emprego de veneno e dissimulação), ocultação de cadáver e falsidade ideológica.

Na maior parte do tempo, Leandro falou olhando para os jurados e ressaltando que se arrepende de ter sido um pai ausente, por conta da profissão. “O meu trabalho de médico, de cirurgião, requer uma dedicação em tempo integral. Pode ser por esse motivo que eu fui um pai mais provedor do que um pai presente”. Em outra declaração, ele afirmou que queria ver a criança se dando bem com a madrasta Graciele que é apontada como principal autora do crime. “Quando me tirarem essas algemas vou em Santa Maria rezar e me ajoelhar aonde está sepultado o meu filho”.

Acusação

Durante o depoimento, Boldrini atribuiu a autoria do homicídio do garoto à segunda mulher, Graciele Ugulini e a amiga dela, Edelvânia Wirganovicz. “Onde eu me encaixo nisso? Em lugar nenhum”, afirmou.

Conforme as investigações da Polícia Civil, o médico foi o mentor intelectual do crime e incentivador da atuação de Graciele em todas as etapas. Além disso, na denúncia feita pelo Ministério Público (MP), ele também ajudou ela a reunir os colaboradores, Edelvânia e Evandro Wirganovicz.

Na época, ele teria bancado as despesas e recompensas associadas ao crime, facilitando o acesso das duas mulheres ao sedativo Midazolan, utilizado para matar a criança.

Motivação

Segundo os promotores de justiça, Leandro e Graciele não queriam partilhar com Bernardo a herança deixada por Odilaine (primeira mulher do médico e mãe de Bernardo) e o garoto, de 11 anos, representava “um estorvo” para a nova unidade familiar, formada pelo médico, a madrasta e a filha do casal.

Leandro Boldrini e a madrasta,
Graciele Ugulini (Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução)

No depoimento, quando falou da relação entre o filho e a madrasta, Boldrini disse que ela não chegou a mencionar que Bernardo seria um “estorvo” para o núcleo familiar, mas confirmou que existiam brigas entre os dois. Durante as respostas, ele comentou os vídeos registrados por ele mostrando as brigas da família com o garoto. As imagens mostram, por exemplo, o garoto com uma faca pedindo para o pai parar de gravá-lo. Segundo Leandro, o objetivo das gravações era conciliar Bernardo e a madrasta. “Eu queria que eles se acertassem”, disse. Ele ainda disse que após esse registro tomou a decisão de encaminhar a criança a um psiquiatra. “Melhorou 100%”, afirmou.

Desaparecimento da vítima

Para os jurados, Leandro relatou que no dia do sumiço de Bernardo, 4 de abril de 2014, a família tinha almoçado junto. “O clima estava muito bom. Cheguei a pensar que eles estavam se acertando”.

Boldrini ainda afirmou que enquanto a vítima esteve desaparecida, Graciele teria continuado a agir normalmente. “Ela disse que estava dando banho na nossa filha e que o Bernardo entrou no quarto, pegou as roupas e disse que ia para o Lucas. Em nenhum momento desconfiei dela.”

Depoimento de Leandro Boldrini durou mais de três horas

Para os jurados, ele contou que “na medida em que os dias iam passando, o coração ia apertando”, já que o corpo só foi encontrado dez dias depois. Na semana seguinte, ele recordou que a delegada Cristiane Moura, havia descartado duas linhas de investigação: fuga e seqüestro, e que acreditava em homicídio. “Você se apavora, mas não acredita”.

Ele ainda ressaltou que soube da morte de Bernardo apenas no dia 14 de abril, pela Polícia Civil. “Fui algemado sem saber o motivo e a delegada me pedia para dizer onde estava o corpo. Quando encontrei Graciele, ela chorava e admitiu que tinha cometeu o crime. Precisei ser segurado”, finalizou.

Nesta quinta-feira (14), o julgamento em Três Passos chega ao seu quarto dia, com os depoimentos outros três réus.

MATÉRIAS RELACIONADAS

MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido!