Foto: General Motors/Divulgação
Da redação | A General Motors (GM) vai se reunir no próximo sábado (26) com os sindicatos que representam os funcionários da fábrica de Gravataí, na Região Metropolitana. O encontro está previsto para as 9h na montadora, às margens da BR-290.
O objetivo da reunião é tratar do comunicado da companhia informando que pode haver uma revisão da presença no país. A manifestação da GM dava sinais de que a empresa estaria considerando sair da América do Sul por causa da queda dos resultados.
O encontro foi pedido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra), pois a base de 2,6 mil funcionários diretos da GM, que sobe a mais de 6 mil com os quadros de sistemistas instaladas no complexo , não havia sido incluída em encontros do começo da semana em que a empresa apresentou uma lista de condições para permanecer no país.
Desde que surgiu a ameaça da companhia de sair do Brasil, o clima no interior da fábrica é de insegurança sobre o futuro. Muitos empregados duvidam que o fechamento seria possível e que o comunicado pode ser parte de uma estratégia para reduzir custos por meio de revisão de benefícios e direitos dos empregados, acertados em acordos coletivos.
De acordo diretor jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra), Edson Dorneles, até o momento nada foi formalizado sobre uma reestruturação da GM. Ele ainda esclareceu que a reunião foi solicitada pelo sindicato para tratar de informações que foram levadas a um encontro com sindicalistas na base das fábricas de São Paulo na quarta-feira (23). Após anúncio de planos de saída, sindicato e prefeitura da cidade preferiram desacreditar a medida.
A lista tem 28 itens que tratam de piso salarial, participação nos lucros, fim do transporte fretado, adoção da jornada intermitente e fim da estabilidade de emprego para lesionados, entre outros.
1. Negociação da PLR com revisão de regras de aplicação, prevalência da proporcionalidade, transição para equivalência salarial e inclusão da produtividade (Absenteísmo)
2. PLR por 3 anos sendo, 0% no 1º ano (2019), 50% no 2º e 100% no 3º ano
3. Nova grade salarial para toda a Planta de SJC para horistas e mensalistas, progressão salarial com congelamento para o ano de 2019 e nova tabela salarial, inclusive para cargos especializados
4. Formalização de acordo coletivo de longo prazo, 2 anos e renováveis por mais 2 anos
5. Negociação de valor fixo em substituição ao aumento salarial para os horistas e meritocracia para os mensalistas, sendo, 0% no 1º ano (2019), 60% no 2º e 100% (da inflação) no 3º ano
6. Implementação do trabalho intermitente por acordo individual e coletivo
7. Terceirização de atividades meio e fim
8. Jornada de trabalho de 44 horas semanais para contratações novas
9. Piso Salarial de R$ 1.600,00
10. Redução do adicional noturno para percentual previsto em Lei (20%)
11. Supressão de pagamento de hora extra, com adicional diferenciado limite de 29,275 horas
12. Redução do período de complementação do auxilio previdenciário para 60 dias, limitado a 1 evento (afastamento) por ano*
13. Introdução de cláusula no acordo coletivo de trabalho regulando a possibilidade de suspensão do contrato de trabalho (layoff)
14. Revisão, inclusão, exclusão de adequação das cláusulas sociais
15. Exclusão da garantia de emprego aos empregados Acidentados
16. Cláusula regrando a adoção de termo de quitação anual de obrigações trabalhistas
17. Acordo específico de flexibilidade de jornada de trabalho por meio do banco de horas
18. Rescisão no curso do afastamento para empregados com tempo para aposentadoria
19. Desconsideração de horas extras extraordinária
20. Trabalho em regime de tempo parcial
21. Jornada especial de 12 por 36
22. Ajuste na cláusula de férias com parcelamento previsto na lei
23. Inaplicabilidade de isonomia salarial acima de 48 meses para grade nova
24. Suspensão da contribuição da GMB por 12 meses do PreviGM
25. Alteração do Plano Médico
26. Renovação dos acordos e flexibilidades existentes
27. Manter o acordo de manutenção e escala sem pagamento das folgas
28. Fim do subsídio do transporte ou inclusão de linhas regulares
A planta gaúcha, que tem a maior capacidade de produção da marca no País, é uma das unidades mais eficientes no mundo. A unidade também está quase completando a ampliação. Este ano estreará uma nova plataforma de veículos. O investimento é de R$ 1,5 bilhão e faz parte do ciclo atual de aportes no Brasil.
Encontro com o governo
A assessoria de imprensa do Palácio Piratini informou que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), está aguardando resposta sobre o pedido de reunião com a direção da montadora na sede em São Caetano do Sul, no interior de São Paulo. A expectativa é que o encontro ocorra nos próximos dias. Leite vai buscar explicações sobre os motivos do comunicado e se há demandas para o estado.
Futuro no Brasil depende do lucro
Em comunicado enviado aos funcionários por e-mail e também fixado no quadro de avisos das cinco fábricas do grupo no Brasil, o presidente da General Motors Mercosul, Carlos Zarlenga, informou na última sexta-feira (18) que “investimentos e o futuro” do grupo na região dependem da volta da lucratividade das operações ainda este ano. O aviso foi entendido pelos trabalhadores como uma ameaça de deixar o País.
Zarlenga reproduziu no seu comunicado matéria publicada recentemente pelo jornal Detroit News afirmando que, ao divulgar o balanço financeiro de 2018 aos acionistas, a presidente mundial da companhia, Mary Barra, deu sinais de que está considerando sair da América do Sul, onde mantém fábricas no Brasil e na Argentina.