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12 de dezembro de 2024

ATENÇÃO: Anvisa alerta para primeiro caso de fungo super-resistente no Brasil

Conforme a Anvisa, ele é um fungo multirresistente, capaz de driblar vários medicamentos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu alerta de um possível primeiro caso de Candida auris nesta segunda-feira (7) no Brasil. De acordo com o comunicado, o fungo é considerado “uma séria ameaça à saúde pública”. O Candida auris foi identificado no último dia 4 em amostra de paciente internado por complicações da covid-19 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos de um hospital na Bahia.

O Candida auris é considerado potencialmente fatal, pois é um fungo multirresistente, capaz de driblar vários medicamentos antifúngicos comumente utilizados para tratar infecções por Candida, além de poder causar infecção na corrente sanguínea e outras também invasivas, além de ser facilmente confundida com diferentes espécies de leveduras.

Outra característica desse fungo é a capacidade de permanecer viável por longos períodos no ambiente, de semanas a meses, e apresentar resistência a diversos desinfetantes comuns, mesmo os que são à base de quartenário de amônio.

Do ponto de vista laboratorial, existe a preocupação de possíveis surtos, uma vez que há uma dificuldade de identificação pelos métodos laboratoriais rotineiros e de sua eliminação do ambiente contaminado.

Após a suspeita, a amostra foi encaminhada pelo hospital para o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), que comunicou a possibilidade de caso positivo para Candida auris. Assim, a amostra foi encaminhada para o laboratório da rede nacional para identificação de Candida auris em serviços de saúde (Laboratório da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) para a realização das provas confirmatórias.

Diante deste caso, a Anvisa recomendou o reforço da vigilância laboratorial do fungo em todos os serviços de saúde do país, além de medidas de controle e prevenção que minimizem a disseminação do patógeno.

Alerta em 2017

Já em 2017 a Anvisa havia emitido alerta em que afirmava que “o modo preciso de transmissão dentro do ambiente de saúde não é conhecido”. Apesar de as evidências iniciais sugerirem que o organismo poderia se disseminar em ambientes médicos por contato com superfícies ou equipamentos contaminados, ou mesmo de pessoa para pessoa.

O primeiro caso de Candida auris foi identificado pela primeira vez em humanos em 2009, após seu isolamento em um paciente no Japão. Desde então, infecções por Candida auris ocorreram em vários países, incluindo Coreia do Sul, Índia, Paquistão, África do Sul, Quênia, Kuwait, Israel, Venezuela, Colômbia, Reino Unido e mais recentemente nos Estados Unidos e no Canadá.

O mesmo documento emitido pela Anvisa em 2017 cita que, no ano anterior, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicaram um alerta epidemiológico em função dos relatos de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina, recomendando aos Estados-membros a adoção de medidas de prevenção e controle de surtos decorrentes desse patógeno.

Surto na Venezuela

O primeiro surto detectado de Candida auris na região das Américas foi relatado na Venezuela entre março de 2012 e julho de 2013, na UTI de um hospital em Maracaibo. O surto afetou 18 pacientes, dos quais 13 eram pediátricos. Neste caso, todos os isolados foram inicialmente identificados como Candida haemulonii, sendo que apenas após novos estudos se identificou que o microrganismo envolvido era Candida auris.

Outro exemplo da dificuldade de identificação desse patógeno foi relatado em um surto, ocorrido em agosto de 2016, em uma UTI do distrito de Cartagena, na Colômbia. Neste, cinco casos de infecção foram identificados inicialmente como C. albicans, C. guillermondii e Rhodotorula rubra, mas, após a realização de um teste mais complexo, foram confirmados como Candida auris.

Um possível surto também preocupa as autoridades de saúde, pois, pelas evidências até o momento, algumas cepas de Candida auris são resistentes a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas).

O Centro para Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta (EUA) demonstrou que dos surtos globais que têm sido investigados, quase todos os isolados são altamente resistentes ao fluconazol. Em sua análise, mais da metade dos isolados de Candida auris eram resistentes ao voriconazol, um terço eram resistentes à anfotericina B e alguns resistentes às equinocandinas, indicando que as opções de tratamento são limitadas.

Esse tipo de multirresistência não foi visto antes em outras espécies de Candida. Além disso, como os métodos de detecção de rotina não conseguem identificar Candida auris, suas taxas de incidência e prevalência não são conhecidas ao certo, sendo, provavelmente, uma causa de candidíase mais comum do que é atualmente considerada.

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