
Na terça-feira (15), duas familiares dos homens mortos por um policial em uma pizzaria de Porto Alegre no domingo (13) prestaram depoimento à polícia. Segundo o seu advogado, Ismael Schmitt, o policial teria invadido uma festa de aniversário em uma casa.
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A versão delas é de que ele pediu para desligar a música e se apresentou como policial e estava com a arma em punho. Os homens que foram alvejados estavam sentados dentro da residência e, na saída, o brigadiano supostamente deu um tapa em uma das mulheres no local. Ele nega que isso aconteceu.
Conforme relataram as familiares, eles foram atrás do homem, que se refugiou em uma pizzaria na Avenida Manoel Elias, bairro Mario Quintana, por volta das 5 horas. É neste momento que as câmeras de segurança mostram o policial militar entrando no banheiro do estabelecimento.
Nas imagens, é possível ver ele pedindo para que se afastassem, mas isso não aconteceu e os quatro acabaram mortos. O agente se apresentou na delegacia, deu depoimento e entregou a arma, alegando legítima defesa.
Os mortos são Cristiano Lucena Terra, 38 anos e Christian Lucena Terra, 33, dois irmãos. Alexsander Terra Moraes, 26, era sobrinho deles e Alisson Corrêa Silva, 28, primo. Um grupo de 50 pessoas chegou a manifestar pedindo Justiça. Os corpos foram enterrados na segunda-feira (14).
A 5ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) ainda investiga o que aconteceu de fato.
Em entrevista para o portal GaúchaZH na quinta-feira (17), o policial contou a sua versão. Com apenas 25 anos, ele está na corporação desde 2018. Segundo ele, esgotou todos os meios e teve medo de morrer, por isso atirou. Por isso, não está arrependido dos disparos.
Ele estava saindo de uma festa em Alvorada e foi procurar a ex-namorada na intenção de reatar o relacionamento, em função do Dia dos Namorados.
Os advogados David Leal e Raíza Hoffmeister divulgaram nota contando a versão:
“Meu cliente (PM) tentou dizer que estava atrás da amiga da ex-namorada na casa, que estava com um som alto e com os portões abertos, dando a entender que seria uma festa. Ao verem o PM dentro da residência, as pessoas que estavam na festa abordaram ele de forma muito hostil, todos embriagados e alterados. Ele não havia bebido. O PM tentou dizer que era policial e que morava perto, pedindo que não fizessem tanto barulho, mas logo começaram a intimida-lo e o cercaram. Ele disse que não fizessem tanto barulho. Vendo que todos estavam totalmente intransigentes e que iriam agir de forma violenta, o PM saiu correndo. Saiu da rua, correu pelo beco, atravessou a avenida e entrou na pizzaria, pedindo para o proprietário para se esconder no estabelecimento. Quando correu para dentro do banheiro, deixou a porta entreaberta para manter o campo de visão. Eles invadiram a pizzaria sem autorização do dono. O PM então avisa para irem embora e eles correm para matá-lo. Ele então avisa para se afastarem. Não se afastam. Quando vão com pontapés e socos para arrombar a porta o banheiro, o PM ainda avisa para se afastarem e que atiraria. Eles avançam ameaçando e em maior número. Então, empurra com o braço o primeiro. Não adianta. Eles partem para cima. Então, o PM dá o primeiro disparo, não havendo mais alternativas, pois ele estava encurralado no banheiro. Em vez de fugirem, todos partem mais agressivos para cima do PM encurralado. Ele então dispara contra os demais, não lhe restando qualquer alternativa.