Adolescente foi torturado e morto a machadadas em Canoas

Os responsáveis pelo crime são líderes de uma facção no Guajuviras

O Instituto Geral de Perícias (IGP) confirmou na última quarta-feira (22) que a ossada encontrada em um matagal de Cachoeirinha, em maio, é a do adolescente Bruno Gonçalves dos Santos. Ele estava desaparecido desde dezembro de 2020.

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De acordo com a investigação conduzida pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Bruno matou – com um comparsa – Thiago Pereira Viegas de 28 anos. Os três integravam a mesma facção criminosa. A ‘liderança’ do grupo torturou um dos integrantes da dupla por causa dessa morte. Bruno é suspeito de ajudar a torturar o próprio comparsa que negou a autoria do crime. Ele foi liberado.

Horas depois, o grupo descobriu que Bruno teria matado Tiago. A gerente do tráfico o teria atraído até um bar no bairro Guajuviras, onde – na linguagem policial – ele foi arrebatado na noite de 10 de dezembro. Sequestrado pelos ‘colegas’, os investigadores da Polícia Civil (DHPP) suspeitam que ele foi torturado até a morte. Por denúncia anônima, os policiais ainda descobriram que ele já entrou no veículo dos ‘amigos’ ferido, pois poderia ter recebido tiros. Três dias depois, a família registrou o seu desaparecimento.

O comparsa de Bruno, que ajudou a matar Tiago, foi preso antes do Natal. Os policiais descobriram que ele e o menor, junto com a ‘chefe’, chegaram a chorar no velório do homem e que todos eram amigos já de longa data.

Já em 2021, a família do adolescente começou a cobrar os policiais informações sobre o paradeiro do jovem. A investigação apurou que circulava vídeos mostrando Bruno sendo morto a machadadas e amarrado em uma árvore em uma área de mata. Fato esse confirmado cerca de três meses depois, após outra denúncia anônima. No período, a gerente que mandava em Bruno e nos negócios dentro do ‘Beco do Cris’ acabou presa pela morte de Tiago.

Os agentes da Polícia Civil (DHPP) reviraram Canoas e cidades vizinhas atrás do corpo de Bruno seguindo pistas de denúncias anônimas. Durante o depoimento dos investigados pelo crime, um deles chegou a dizer, conforme o delegado Peternelli, que sem corpo não haveria prisão.

Em maio, com a ajuda dos cães farejadores (General e Guria) da Companhia de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros (CEBS), os policias encontraram, em Cachoeirinha, uma ossada que poderia ser do menor. Dois fatores os levaram a acreditar na hipótese. São eles: as cordas em que ele, supostamente, foi amarrado na árvore e uma cueca que a família identificou como sendo dele. O Instituto Geral de Perícias (IGP) recolheu o material para descobrir a identidade.

Após a localização, mesmo sem a confirmação de que seria Bruno, a equipe da Polícia Civil conseguiu que a Justiça autorizasse e três criminosos foram presos pela morte do Bruno. Porém, não ficaram nem duas semanas presos. A defesa entrou com um pedido de Habeas Corpus que foi aceito pela Justiça e agora eles respondem em liberdade.

“A polícia conseguiu prender sem ter o corpo. Eles tentaram dificultar o nosso trabalho, ocultando o corpo em outra cidade”, comenta o chefe de investigação da DHPP, Daniel Pinho. Além do homicídio, os criminosos também serão indiciados por terem escondido o corpo de Bruno. Esse ato pode aumentar a pena em, no mínimo, três anos.

Agora, segundo o delegado Peternelli – responsável pela investigação –, o trabalho de investigação avança para apurar se existe a participação de mais pessoas no crime, já que um carro e um cobertor – com manchas de sangue humano – foram submetidos a perícia. O resultado deve ser entregue nos próximos dias.

Agência GBC tentou contato com as famílias e com as defesas dos mencionados, mas ainda não obteve retorno.

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