Quando a conversa boa não leva à lugar nenhum, o caminho é a Justiça: é mais ou menos assim que pensa o prefeito de Nova Santa Rita, Rodrigo Battistella, sobre os caminhos para barrar as perdas das prefeituras da região se o programa Assistir ficar em pé. O caso tem sido assunto na Granpal há mais de um ano, quando o programa foi apresentado pelo então governador Eduardo Leite. A ideia, na época, era pegar o bolo de recursos destinados à urgência, emergência e alta complexidade e distribuir para os hospitais de acordo com o produção informada por eles em 2019, antes da pandemia.
Na prática, o plano criou um desequilíbrio em hospitais metropolitanos – especialmente o Hospital Universitário e o Pronto Socorro, em Canoas, e os de Porto Alegre; mas há perdas também para São Leopoldo, Novo Hamburgo e Cachoeirinha.
No caso de Canoas, a produção informada em 2019 é menor do que a efetivamente praticada pela instituição. Os relatórios feitos à época não eram compatíveis com o sistema do Estado – mas como o recurso vinha por uma pactuação, ou seja, um acordo entre o município e o Estado, resolver o informe de produção não era uma prioridade. Com a regra mudando, o dinheiro que pinga na conta despenca.
O Pronto Socorro também sofreria perdas com o Assistir. Jairo Jorge costumava comparar o hospital como um quartel dos bombeiros: aquele que precisar estar ali, mas é melhor quando a gente não usa. Com corte de recursos, o encolhimento seria certo: a estimativa é que de cada 10 reais destinados à Canoas para urgência, emergência e alta complexidade, 4 seriam retirados.
Trocando em miúdos, perdas de mais de R$ 50 milhões – e redução de serviços em uma área crucial, que é a Saúde.
Esse é o tamanho do pepino nas mãos dos prefeitos que se reúnem das 10h ao meio dia desta quinta-feira, 1º, na Expointer. Rodrigo Battistella, presidente da Granpal, conversou com o blog mais cedo e, para ele, a chance de uma solução dialogada chegou ao fim. “Eles nos recebem bem. O chefe da Casa Civil, Arthur Lemos, é um gentleman”, diz. “Mas os técnicos da Saúde não aceitam o diálogo com as reivindicações dos prefeitos”. E, sem acerto, a tendência de tudo parar no tapetão vermelho dos tribunais cresce. “Nesse caso, a solução pode ser a judicialização, sim”, avisa Battistella.
No início da tarde, saberemos.