RODRIGO BECKER

Rodrigo Becker é jornalista e escreve sobre política, negócios e cidade diariamente neste espaço.

CANOAS | Jairo fala: a defesa, os dias de reclusão e a expectativa pela volta; o jogo aberto de JJ

Jairo Jorge conta que leu, estudou e cuidou pessoalmente da sua defesa, entregue à Justiça logo após a denúncia apresentada pelo MP em 5 de julho.

14 quilos mais magro, duas crises de pancreatite em que nem água pode beber e auto-isolado há exatos 168 dias, Jairo Jorge conversou com a GBC na tarde desta quinta-feira, 15. Daqui a 12 dias encerra o período de 180 em que está afastado do governo por conta das investigações da Operação Copa Livre – a ‘microexplosão’ que chacoalhou a política canoense no fatídico 31 de março de 2022. E a expectativa dele, claro, é pelo retorno ao comando do governo. “Não há mais razões para manter o afastamento”, avalia. “Tudo que sustentava o pedido do Ministério Público está superado ou respondido”.

“Cumpri o afastamento em casa. Não sai para não dar margem para qualquer interpretação equivocada. Se um cidadão me procurasse na rua para resolver um problema e a Prefeitura fizesse algo por ele, iriam dizer que eu estava interferindo no governo. Então optei por me manter recluso”, conta. “Mas não foram dias fáceis, não desejo isso para ninguém”.

As duas outras razões para o afastamento seriam uma eventual coação de testemunhas e a possibilidade de reincidência. “As testemunhas arroladas pelo MP são dois funcionários do Tribunal de Contas. Os demais foram todos ouvidos antes de a denúncia ser entregue. Sou um gestor público, já fui secretário executivo do Ministério da Educação, prefeito e secretário municipal: nunca repondi processo algum por corrupção”.

Jairo Jorge conta que leu, estudou e cuidou pessoalmente da sua defesa, entregue à Justiça logo após a denúncia apresentada pelo MP em 5 de julho. Nela, refuta o recebimento de recursos de caixa 2 para campanha e repisa cada passo que tomou quando soube dos problemas que envolveram a licitação para contratação da empresa de limpeza e copeiragem que foi o pivô da Copa Livre. “Essa empresa recebeu menos do que o recomendado pelo TCE. Fui mais duro com eles do que o tribunal recomendou”, conta, explicando que há cerca de R$ 500 mil em pagamentos para empresa retidos na prefeitura por ordem dele, enquanto prefeito, por conta dos serviços que não foram prestados conforme o contrato.

Com imagens de redes sociais e o escrutíneo da localização do seu telefone pessoal, Jairo também desmontou a versão inicial do MP, que afirmava que ele estaria em São Paulo em 25 de setembro de 2020. Essa data é emblemática para as acusações contra ele: nela, JJ teria recebido R$ 150 mil para campanha à prefeitura de um total de R$ 300 mil que seria repassado para que, depois, empresários fossem favorecidos em contratos com o município. “Ficou provado que não estive lá. E aí o MP mudou a versão: agora diz que mandei um emissário”, relata.

“Tenho profundo respeito pelo MP, esse erro não macula a instituição. Mas estão errando de novo”, garante.

A volta ao governo

Jairo aguarda com resiliência, mas também com certa ansiedade, pela chegada do dia 27 de setembro. Nessa data, a se manter o status do processo, ele pode retornar à Prefeitura para seguir o mandato para o qual foi eleito em 2020. “Minha primeira atitude será a de editar uma série de normas para garantir mais transparência e acertividade aos processos de licitação”, revela. “Pude estudar e ler muito nesse período, inclusive sobre o processo em que me acusam. Sei onde estão as frestas por onde passam. Acho que é nisso que precisamos mexer primeiro”.

Não descarta o envio de um projeto de lei à Câmara mudando a estrutura do setor, transformando em secretaria – como era, aliás, durante o governo de Luiz Carlos Busato.

“Quero voltar e fazer dessa nova etapa um quarto governo. O Nedy está tocando as coisas de acordo com nosso programa de governo, mas não é fácil. Precisamos avançar na Saúde, no Transporte, é importante fazer a licitação dos ônibus, melhor o atendimento da população. Prometo de dedicar intensamente à Canoas, esse é o meu desejo”, avisa. “Não tem nada mais importante do que ser prefeito da cidade da gente. Sou o primeiro canoense a se prefeito de Canoas e vou me dedicar a isso com mais entusiasmo ainda”, finaliza.

Mais Lidas

ÚLTIMAS DE RODRIGO BECKER

CANOAS | O ‘pepino’ que preocupa a cidade antes e depois do retorno de...

Licitação do transporte público é um assunto que avançou pouco ou quase nada de um ano para cá

CANOAS | Chegou chegando: as metas anunciadas por Jairo Jorge para a retomada; finanças...

Prefeito elegeu cinco prioridades que vão dominar sua agenda numa espécie de 'transição por dentro' para o que vem sendo chamado de 'quarto governo' Jairo Jorge

CANOAS | ‘Debandada’ pré-JJ: secretários deixam o governo horas antes do fim do afastamento...

Felo Uequed, Pollyana Perinazzo e Luis Davi Siqueira pediram demissão do governo nesta segunda-feira, 27

CANOAS | Não esperem anúncios bombásticos de JJ nesta terça: o maestro e o...

Expectativa de retomada do mandato está sendo encarada como a chance de um 'mergulho na gestão' por partidários de Jairo Jorge

CANOAS | Terça-feira gorda: a única certeza é que Nedy subirá as escadas do...

Como prefeito em exercício ou como vice, Nedy não abrirá mão do espaço político que as urnas lhe deram em 2020
error: Conteúdo protegido!