Com a renovação do afastamento do prefeito Jairo Jorge por mais 180 dias, embora o caso ainda não seja definitivo, a quarta-feira (28), marca um novo momento para a gestão. Nedy de Vargas Marques, o vice no exercício, passa necessariamente a imprimir um estilo mais pessoal ao governo. ‘Estilo próprio’, atentem, não significa golpe ou ruptura com JJ; ao contrário. Eleitos juntos, ao lado dos mesmos aliados e fiadores do mesmo projeto de governo, um será a continuidade do outro – mas do seu jeito.
E o ‘estilo Nedy’ começa com um ‘faxinão’ pela cidade. A primeira meta do prefeito em exercício é limpar todos os cantos de Canoas que ainda sofrem com resquícios do temporal – a microexplosão – de 15 de agosto. O ‘choque de limpeza’ deve mobilizar o maior número possível de caminhões e agentes nas ruas já que, mesmo com regimes de plantão e horas extras, as equipes atuais ainda não deram conta de recolher tudo que ficou acumulado especialmente em praças e áreas baldias.
Era hora.
Ruptura não é inteligente; golpe também não
Já ouvi comentários dando conta de que Nedy poderia aproveitar a renovação do afastamento de JJ para atirar a parceria que venceu a eleição em 2020 pela janela, numa versão atual de um ‘golpe branco’. Reputo que não. Primeiro, porque rupturas políticas dessa natureza raramente são inteligentes; segundo, porque golpes não fazem bem para ninguém.
Quem fala em ‘golpe’ ou ‘ruptura’ a esta altura do campeonato conhece pouco sobre Nedy. Ou fala mais de si do que do prefeito em exercício. Nedy é um parlamentar por excelência; foi vereador e deputado, criminalista famoso pela capacidade de sustentação em casos de júri popular, lugar em que o objetivo é conseguir o que se quer dizendo o que necessário sobre o que se pensa. É mais dado ao diálogo do que a impulsos de Michel Temer, que na primeira brecha deu a derradeira cotovelada na parceira de chapa, Dilma Rousseff, e emprestou apoio a um impeachment sem crime. Não, Nedy não dará o golpe; mas fará um governo seu, a partir desta quarta-feira.
Novos rostos
A informação que o blog tem é a de que haverá mudanças no governo. A primeira delas deve ser a demissão de Daniel Cardozo, chefe de gabinete de JJ. A relação dos dois estremeceu e já não andava bem; o melhor, para ambos, é que Daniel saia. A eleição, no próximo domingo (2), pode indicar o caminho: se Gaúcho da Geral e Luciano Azevedo se elegerem, um deles deve convidar o assessor de Jairo para uma jornada fora da cidade.
As demais mudanças ainda serão construídas ao longo dos próximos dias. Uma reunião do secretariado é esperada para esta semana e uma série de diretrizes vão ser postas à mesa. Secretarias que baixaram o ritmo de entregas serão monitoradas mais de perto e devem ser as primeiras a experimentar as mudanças.
É aí que a fotografia do primeiro escalão ganha mais o ‘estilo Nedy’ do que a mão de Jairo Jorge. Em resumo, o que muda com a rédea na mão de outro ginete é como se conduz o cavalo.