Homens são torturados e espancados por seguranças e funcionários de supermercado em Canoas

Além das agressões, os seguranças cobraram ‘resgate’ para que os dois fossem liberados

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A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas investiga a tortura de dois homens por seguranças privados e funcionários de uma filial do UniSuper no bairro Marechal Rondon. Os dois, são suspeitos, de terem furtado carnes.

De acordo com o apurado pela investigação, o crime aconteceu em 12 de outubro. Porém, a polícia só fio acionada no dia 14, após um dos homens dar entrada no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre. Ele tinha diversas fraturas no rosto e acabou ficando em coma induzido.

Uma equipe de investigadores foi até o local e conversou com uma testemunha que relatou o ocorrido. Em seguida, os policiais foram até o supermercado e solicitaram as imagens das câmeras de videomonitoramento. Porém, segundo a polícia, um funcionário começou a apagar os vídeos após perceber a presença dos policiais.

Imagens recuperadas

Mesmo sendo informados que não haviam mais imagens, os agentes da DHPP Canoas apreenderam o DVR e encaminharam para o Instituto Geral de Perícias (IGP). Os peritos recuperaram os vídeos que mostram a seguinte cena: um dos homens torturados furtou pedaços de carnes e, no momento em que saia da loja, foi abordado pelos seguranças e levado ao depósito. No local, ele sofreu diversas agressões.

Após a primeira tortura, os seguranças receberam informações de que um outro homem estava praticando furtos no local. Pego já na frente do estabelecimento, o suspeito foi levado até o depósito e agredido diversas vezes.

Além das agressões, os seguranças cobraram ‘resgate’ para que os dois fossem liberados. A quantia exigida era de R$ 644. O filho de uma das vítimas pagou o valor.

Investigação

Segundo o delegado Robertho Peternelli, quatro agressores já foram identificados e escutados. Todos, até o momento, apresentaram versões diferentes. Faltam três envolvidos que, conforme a polícia, ainda são desconhecidos e, por isso, não foram identificados.

Além disso, Peternelli ressalta que os furtos praticados pelos dois homens não foram apurados, porque não houve o procedimento correto. Ambos deveriam ter sido levados a delegacia para o registro da ocorrência. “Existe todo um regramento jurídico que deveria ter sido seguido. O sistema de justiça criminal precisa ser acionado, sempre, para coibir todos os tipos de crimes”, pontua.

O que dizem as empresas

O UniSuper informou em nota que encerrou o contrato com a empresa Glock que fazia a seguranças das lojas. Além disso, a empresa diz que as agressões são inaceitáveis (leia mais abaixo).

A reportagem conversou com o Dr. William Nunes Alves que está defendendo a Glock. Oficialmente, ele informou que a empresa só se manifestará em juízo e ressaltou que teve acesso as imagens apenas após a veiculação da reportagem.

Nota do UniSuper na íntegra

“Viemos a público nos desculpar pelos fatos ocorridos na loja da Avenida Inconfidência, em Canoas.

Estamos profundamente abalados. As agressões são inaceitáveis e não condizem com a sólida história de 22 anos da Rede UniSuper, que sempre foi marcada pelo respeito ao ser humano, aos seus direitos fundamentais e a valores como transparência, trabalho em equipe e solidariedade.

Diante de uma conduta lamentável e cruel com a qual jamais concordaremos, informamos que encerramos o contrato com a empresa Glock Segurança, desligamos os funcionários envolvidos e iniciamos o trabalho de revisão de todos os nossos protocolos de segurança e de conduta. Não mediremos esforços para construir sólidos procedimentos que garantam que situações como essa jamais voltem a acontecer.

Reafirmamos o nosso compromisso com o respeito à vida e à dignidade da pessoa humana, e nos colocamos, mais uma vez, integralmente à disposição das autoridades.”

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