O quiproquó começou com a postagem, privada, de uma foto em que o empresário e cabelereiro Giovanni da Rocha aparece com Thaís Pena, esposa de Jairo Jorge, identificada como conselheira do MACA, o Movimento Assistencial por Canoas, que é presidido por Giovanni. Thaís já esteve à frente da entidade quando JJ foi prefeito anteriormente, mas neste mandato, permaneceu longe do comando da entidade. De qualquer forma, o MACA não recebe repasses públicos, conforme explica Giovanni, que não vê qualquer conflito em uma conversa com a primeira-dama afastada do paço – não da vida particular ou pública, diga-se – desde o desenrolar da Copa Livre. A foto foi postada na sexta, 24. E a repercussão nem precisou esperar o final de semana para decantar.
No sábado à tarde, por volta das 15h, o vereador Juares Hoy, notório desafeto político de Jairo Jorge, printou a postagem de Giovanni e replicou em suas redes sociais. “Com a palavra o Ministério Público! A ex-primeira-dama investigada por corrupção é conselheira do MACA? Movimento Assistencial de Canoas! Esse presidente do MACA precisar ser afastado judicialmente! Absurdo! Segunda vou ao MP”, escreveu. Giovanni respondeu cerca de uma hora depois. “Farei uma denúncia crime por uso indevido da imagem, um homem público eleito pelo povo! Desconsidera respeito a qualquer pessoa! O MACA é uma instituição que não usa verba pública, diferente de você que se farta do povo”, postou.
Até aí, crédito só para as rusgas políticas. Na sequência, um comentário bastante malicioso do vereador Juares pôs polêmica à discussão. “Faz barba, cabelo e bigode?”, perguntou, numa referência de duplo sentido à profissão de Giovanni e à expressão popular para um reportório sexual, digamos, ‘intenso’. Em seguida, recuou. “Tá bom assim Giovanni friagem”. No entanto, o terceiro comentário do vereador foi bem mais explicito. “Eu estava até com vontade de mandar tu tomar no C. Mas não vou”, seguido de emojis de careta e risos.
Para Giovanni, os comentários do vereador Juares ultrapassaram o limite da crítica política. Gay assumido e casado, o presidente do MACA avalia que foi alvo de preconceito e homofobia. “Estou indo à delegacia nesta segunda porque o caso foi no final de semana e a delegacia especializada só abre hoje (27)”, conta. “Além do boletim de ocorrência, estou fazendo um abaixo-assinado para encaminhar à Câmara pedindo a abertura de um processo ético contra este vereador”, adianta Giovanni. A expectativa dele é que o documento seja assinado por pelo menos mil pessoas até o final desta tarde, quando deve ser protocolado na Câmara.
Tudo política, diz Juares
“Esse rapaz quer ser candidato a vereador. Acabei dando escada para ele”, rebate Juares. “Eu postei a foto questionando a participação da ex-primeira-dama no MACA e não sabia que a instituição não recebia mais as sobras dos ranchos da prefeitura, como acontecia antigamente. Aí este senhor veio na minha postagem e me atacou, dizendo que eu não fiz nada em sete mandatos de vereador. Estava me chamando de vagabundo”.
Juares avalia que o acontecido é um caso de retorsão – o termo jurídico para quando se comete uma injúria após se sentir ofendido em uma discussão. Na vida real, é como se em um bate-boca, houvesse uma troca de ofensas mútua. “Se ele quiser denunciar, pode. Fica a vontade”, avisa Juares.
Pelo jeito, o caso não termina por aqui.