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Canoas
07 de setembro de 2024

Enchente em Canoas: “Foi uma catástrofe”, afirma moradora que perdeu casa

Moradora do bairro Fátima relata como foi sair da área alagada e retornar dias depois

Gislaine Trindade, moradora do bairro Fátima, concedeu uma entrevista ao Jornal O Globo do Rio de Janeiro relatando o que viveu nos últimos dias. O bairro em que ela reside com a família foi um dos mais atingidos pela enchente em Canoas.

“Foi uma catástrofe, soubemos das primeiras notícias pelo Instagram. Eu sempre me apavoro com chuva, vento, imagina estourar uma barragem. No início, meu marido não acreditou, e disse que a água não chegaria até nossa casa, mas no fim da tarde do dia 4 começou um movimento muito grande nas ruas. Muita gente saindo de casa, pessoas comprando coisas no mercado desesperadas. Aí percebi que alguma coisa estava acontecendo”, relata.

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Gislaine relata que quando começou a anoitecer foi com dois filhos, dois netos e o marido para a casa de uma vizinha. Porém, com o passar do tempo, percebeu que o imóvel de dois andares não tinha sacada e que, com isso, o resgate seria mais complicado.

“Nesse meio tempo, a água começou a subir demais, víamos ratos e cobras. Busquei minha mãe, que mora na minha frente, e tivemos a ideia de pegar a caixa d’água de casa, que serviu como bote. Já tinha pelo menos umas 40 pessoas na casa da minha vizinha e fomos colocando as pessoas dentro da caixa e levando até uma avenida no alto do bairro, onde a água não tinha chegado. Fizemos diversas viagens e carregamos cachorros também”, comenta.

Após sair da área atingida pela enchente, Gislaine e familiares buscaram abrigo.

“Eu fui para casa da minha cunhada. Levei minha mãe e outro filho, que tem uma barbearia, mas perdeu tudo. Éramos umas 20 pessoas na casa, todo mundo embolado. Aí veio o socorro da minha igreja, que doou colchões. Depois, procuramos opções já que a casa da minha cunhada estava cheia. Perguntando pelas ruas, alugamos um apartamento depois de quase três semanas. Muita gente cobrou o triplo do valor em casinhas e quitinetes, um horror. Consegui alugar em um lugar perto, onde não era zona de risco. O aluguel com condomínio dá R$ 2 mil, e não sei como vou pagar, estou nas mãos de Deus.”

Enchente em Canoas: volta para casa

De acordo com a moradora do bairro Fátima, ao retornar ao bairro ela e a família tiveram a dimensão dos estragos causados pela água.

“Consegui entrar de volta na minha casa há apenas cinco dias. Limpei dois banheiros, salvamos o fogão e a máquina de lavar, mas o resto ainda não sabemos como a gente vai recuperar. A estrutura da casa acabou, porque ficou muito tempo embaixo d’água. Muitas janelas e portas caíram. O carro estava dentro e também deu pane elétrica. Meu marido, que é eletricista, perdeu todo o material de trabalho. […] Móvel eu sei que a gente recupera de alguma forma, mas hoje tenho certeza absoluta que o bem maior e mais precioso é a família”, finaliza.

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