O general da reserva Mário Fernandes, preso durante a Operação Contragolpe da Polícia Federal, revelou em um áudio que o ex-presidente Jair Bolsonaro deu aval para a execução de um plano de golpe de estado até o último dia de seu mandato, 31 de dezembro de 2022.
O áudio foi enviado a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e integra o relatório de inteligência da operação, que visa prender cinco militares envolvidos em um esquema para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e de seu vice, Geraldo Alckmin, em 2022.
No áudio, Fernandes relata a Cid uma conversa com Bolsonaro, onde o ex-presidente teria afirmado que ações golpistas poderiam ocorrer até o final de seu governo. Além disso que a diplomação de Lula, marcada para 12 de dezembro, não representava um obstáculo.
“Cid, boa noite. Desculpe te incomodar tanto, mas não podemos perder a oportunidade. O presidente falou que até 31 de dezembro podemos agir. Eu até sugeri que fizéssemos logo, porque já perdemos várias chances”, disse o general.
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Sobre a tentativa de golpe
A investigação também menciona Mário Fernandes, que atuou como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro. Ele teria participado da elaboração do arquivo denominado “Punhal Verde e Amarelo”.
A Polícia Federal identificou que Mário Fernandes imprimiu o documento, que detalhava um plano para sequestrar ou matar o ministro do STF Alexandre de Moraes, além de Lula e Alckmin, no Palácio do Planalto em 9 de novembro de 2022.
Depois, ele levou o documento para o Palácio da Alvorada, residência de Bolsonaro. A Polícia Federal não investigou o ex-presidente nesse caso.
Em resposta à operação, o ex-presidente Bolsonaro não se pronunciou oficialmente. No entanto, seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), se manifestou nas redes sociais, defendendo que “pensar em matar alguém não é crime”.