Após consumir um bolo que causou a morte de três familiares, um dos sobreviventes, um menino de 10 anos, ainda hospitalizado, escreveu um pedido aos padres da igreja em que costumava ir com a mãe, a tia e avó.
No texto, ele pede: “Querido padre Leonir ou Almo, quero pedir que minha mãe, dinda e vó descansem em paz. Que Deus acolha elas e dê a paz eterna. Eu não posso estar presente pelo motivo de estar hospitalizado ainda. Gostaria que fizessem uma oração por elas e por mim. Obrigado.”
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Dois dias depois, o padre Leonir visitou a criança no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres. Ele descreveu o menino como feliz, apesar da tragédia. “Foi um momento muito tocante, especialmente nesta época do ano, que simboliza a união e a celebração da vida”, afirmou o padre para a GZH.
Intoxicação por arsênio no bolo e investigações sobre o caso
Das sete pessoas que consumiram o bolo, duas seguem hospitalizadas. A mulher que fez o doce permanece internada na UTI em estado estável, mas com complicações respiratórias. A criança também permanece internada, recebendo acompanhamento pediátrico.

Segundo a Polícia Civil, as pessoas que comeram o bolo perceberam um sabor estranho, descrito como apimentado e desagradável. A mulher que fez o bolo interrompeu o consumo ao notar as reclamações.
Exames confirmaram a presença de arsênio no sangue das vítimas. A origem do contaminante ainda está sob investigação. Três mulheres morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, Maida Berenice Flores da Silva e Tatiana Denize Silva dos Anjos.
Inquérito segue sem conclusão
Cerca de 15 pessoas já foram ouvidas no inquérito. A mulher que fez a sobremesa deve ser ouvida assim que estiver em melhores condições de saúde.
A polícia descarta, até o momento, a hipótese de disputas por herança entre os familiares. Laudos periciais sobre o bolo, previstos para a próxima semana, podem esclarecer a ocorrência de contaminação cruzada ou outros fatores que levaram à presença de arsênio.
Relembre o caso
No dia 23 de dezembro, sete pessoas de uma mesma família se reuniram em um café da tarde. Após o consumo do bolo, seis delas passaram mal. Três morreram em poucas horas devido a parada cardiorrespiratória ou choque pós-intoxicação alimentar.
A mulher que fez o bolo, a única a consumir duas fatias, apresentou a maior concentração do veneno no sangue. Exames adicionais estão sendo realizados pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), com resultados aguardados ainda para esta semana.