Na última segunda-feira (20), Zeli Teresinha dos Anjos, sogra de Deise dos Anjos, declarou em depoimento à Polícia Civil sua convicção de que a farinha usada no bolo que causou três mortes havia sido contaminada com arsênio um mês antes do ocorrido.
Dessa forma, Zeli relatou que a última visita de Deise à sua casa em Arroio do Sal, no Litoral Norte, foi em 20 de novembro.
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Durante essa visita, as duas conversaram na cozinha, onde estavam dois pacotes de farinha, um cheio e outro quase no fim. Segundo Zeli, foi este último que usou para preparar o bolo de reis.
A tradição de comer o bolo antes do Natal terminou tragicamente quando três pessoas da família morreram após consumi-lo. Zeli, que também ingeriu o bolo, foi internada na UTI, mas sobreviveu.

No mesmo dia, Diego dos Anjos, marido de Deise, também prestou depoimento. Ele revelou que teve intoxicação alimentar em outubro do ano passado, após beber um suco de manga. Exames detectaram arsênio em sua urina e na de seu filho.
Além do bolo envenenado
Além disso, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) está analisando amostras que confirmaram a presença de arsênio em Diego, no filho e em Zeli. Os exames, enviados na segunda-feira (20), precisam de análises adicionais para determinar a letalidade da substância. A investigação também abrange alimentos e uma garrafa deixada por Deise no hospital, durante uma visita a Zeli.
Relembre o caso
O caso ganhou notoriedade após seis pessoas da mesma família passarem mal ao consumir o bolo de reis em 23 de dezembro do ano passado, em Torres. Três morreram, incluindo Neuza Denize Silva dos Anjos, Maida Berenice Flores da Silva e Tatiana Denize Silva dos Anjos.
A Polícia Civil solicitou a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, marido de Zeli, que morreu em setembro. Inicialmente, a morte foi atribuída a intoxicação alimentar, mas a exumação confirmou o arsênio como causa.
A defesa de Deise, em nota divulgada no dia 10 de janeiro, afirmou que as declarações não foram judiciadas e aguardam a análise de todos os documentos e provas para manifestação.
Quem é quem no caso do bolo envenenado
Zeli dos Anjos: sogra de Deise e responsável por preparar o bolo envenenado. Zeli sobreviveu ao envenenamento mesmo após ter sido a única da família que comeu dois pedaços da sobremesa. Ela chegou a ficar internada no hospital mas já recebeu alta. A polícia acredita que ela era o principal alvo de Deise.
Neuza Denize Silva dos Anjos: irmã de Zeli e uma das vítimas fatais. Ela tinha desentendimentos com Deise, relacionados à antipatia da suspeita com sua filha, Tatiana.
Tatiana Denize: prima de Deise, Tatiana foi uma das vítimas fatais. A investigação aponta que Deise nutria ressentimentos banais em relação a Tatiana, como a realização de seu casamento em uma igreja desejada por Deise.
Matheus: sobrinho-neto de Zeli, Matheus sobreviveu ao envenenamento e foi o primeiro a receber alta do hospital. A polícia acredita que ele não era um alvo direto de Deise.
Paulo Luiz dos Anjos: sogro de Deise, envenenado com arsênio possivelmente por meio de leite em pó em setembro de 2024. Seu corpo foi exumado, confirmando a presença do veneno.
José Lori da Silveira Moura: pai de Deise, supostamente envenenado com doses menores de arsênio ao longo do tempo. A polícia planeja exumar seu corpo para confirmação.
Diego Silva dos Anjos: marido de Deise, filho de Zeli e Paulo Luiz. Até o momento, a Polícia Civil descartou o envolvimento de Diego nos envenenamentos.
Perícia encontra arsênio nas urinas de marido e filho de Deise
Exames confirmaram a presença de arsênio, um veneno, na urina do marido e do filho de Deise Moura dos Anjos. Deise está presa pela morte de três familiares que ingeriram um bolo envenenado na antevéspera do Natal, em Torres. Além disso, outras três pessoas foram intoxicadas, mas sobreviveram ao incidente.
A tentativa de envenenar o marido e o filho teria ocorrido antes do episódio do bolo. Três fontes diferentes confirmaram essa informação à GZH.