Diego Silva dos Anjos afirmou à Polícia Civil, em depoimento de mais de cinco horas na última segunda-feira (20), que não acredita que sua esposa, Deise dos Anjos, tenha relação com o bolo envenenado que matou três pessoas de sua família. Mesmo assim, Diego revelou episódios que levantaram suspeitas sobre a relação.
Antes do bolo envenenado: suco supostamente contaminado
Dessa forma, Diego relatou que, em 16 de dezembro, enquanto trabalhava no escritório de casa, Deise lhe ofereceu um suco de manga. Poucas horas depois, ele sentiu um mal-estar intenso, correu para o banheiro e vomitou violentamente. “Mesmo tendo vomitado como nunca antes, não imaginei que o suco pudesse estar envenenado”, contou para a polícia.
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Mais tarde, Diego serviu o mesmo suco ao filho de nove anos, que também passou mal e vomitou várias vezes durante a madrugada. Deise levou o menino ao pronto-socorro, enquanto Diego, ainda indisposto, permaneceu em casa. No hospital, Deise publicou nas redes sociais uma foto do filho tomando soro e pediu orações, comportamento que Diego considerou comum pra ela.
Casamento tumultuado e histórico de brigas
Diego revelou à polícia que seu casamento com Deise sempre foi marcado por conflitos. Ele destacou que as brigas começaram no início da relação, principalmente envolvendo sua mãe, Zeli, e sua prima, Tatiana, ambas vítimas do bolo contaminado com arsênio.

Apesar disso, Diego afirmou não acreditar que Deise tenha colocado veneno na farinha, mas admitiu que, se ela tivesse intenção de prejudicar alguém, seria sua sogra.
“Deise sempre foi briguenta, se irritando com situações pequenas de outras pessoas”, disse Diego, mencionando até discussões que a esposa mantinha em redes sociais. Ele também relatou que Deise confessou, há quatro anos, uma tentativa de suicídio ingerindo medicamentos, mas ela nunca mencionou a palavra arsênio.
Além disso, ele também contou que nunca tinha ouvido falar do veneno, tomando conhecimento somente após o episódio na família.
Investigação e decisão sobre o divórcio
Diego revelou que cogitava pedir o divórcio desde a morte do pai, também vítima de envenenamento por arsênico, em setembro. Contudo, ele adiou a decisão devido ao filho e à incerteza sobre os trâmites legais. “De certa forma, o filho segurou o casamento”, disse.
Após prestar depoimento, Diego consultou com um advogado na última terça-feira (21) e solicitou a preparação da documentação necessária para a separação.
Quem é quem no caso do bolo envenenado com arsênio
O caso do bolo envenenado com arsênio em Torres, no Rio Grande do Sul, trouxe à tona uma trama familiar macabra, centrada na figura de Deise Moura dos Anjos. A investigação revelou que Deise, nora de Zeli dos Anjos, é a principal suspeita de envenenar vários membros de sua própria família, resultando na morte de três pessoas.
Principais pessoas do caso de bolo envenenado
Deise Moura dos Anjos: suspeita central, Deise é acusada de envenenar o bolo que matou três pessoas e deixou outras duas hospitalizadas. Ela também é suspeita de envenenar seu pai e seu sogro com arsênio. A polícia encontrou evidências de suas pesquisas sobre arsênio em seu celular. Deise está presa preventivamente e enfrenta acusações de triplo homicídio qualificado e tripla tentativa de homicídio.
Zeli dos Anjos: sogra de Deise e responsável por preparar o bolo envenenado. Zeli sobreviveu ao envenenamento mesmo após ter sido a única da família que comeu dois pedaços da sobremesa. Ela chegou a ficar internada no hospital mas já recebeu alta. A polícia acredita que ela era o principal alvo de Deise.
Neuza Denize Silva dos Anjos: irmã de Zeli e uma das vítimas fatais. Ela tinha desentendimentos com Deise, relacionados à antipatia da suspeita com sua filha, Tatiana.
Tatiana Denize: prima de Deise, Tatiana foi uma das vítimas fatais. A investigação aponta que Deise nutria ressentimentos banais em relação a Tatiana, como a realização de seu casamento em uma igreja desejada por Deise.
Matheus: sobrinho-neto de Zeli, Matheus sobreviveu ao envenenamento e foi o primeiro a receber alta do hospital. A polícia acredita que ele não era um alvo direto de Deise.
Paulo Luiz dos Anjos: sogro de Deise, envenenado com arsênio possivelmente por meio de leite em pó em setembro de 2024. Seu corpo foi exumado, confirmando a presença do veneno.
José Lori da Silveira Moura: pai de Deise, supostamente envenenado com doses menores de arsênio ao longo do tempo. A polícia planeja exumar seu corpo para confirmação.
Diego Silva dos Anjos: marido de Deise, filho de Zeli e Paulo Luiz. Até o momento, a Polícia Civil descartou o envolvimento de Diego nos envenenamentos.
Mais detalhes do caso
A trama começou a ser desvendada após a tragédia de 23 de dezembro de 2024, quando seis pessoas consumiram o bolo envenenado durante uma confraternização familiar. Dessa forma, a investigação revelou que a farinha utilizada no preparo do bolo estava contaminada com arsênio, substância que Deise comprou pela internet. As evidências incluem pesquisas online sobre arsênio e entregas da substância em nome de Deise.
A motivação por trás dos envenenamentos ainda é alvo de especulações, mas a polícia aponta para ressentimentos banais, como dívidas e questões familiares menores. Deise demonstrou frieza durante os interrogatórios, reforçando a hipótese de uma personalidade calculista e fria.
Perícia encontra arsênio nas urinas de marido e filho de Deise
Além disso, exames confirmaram a presença de arsênio, um veneno, na urina do marido e do filho de Deise Moura dos Anjos. Deise está presa pela morte de três familiares que ingeriram um bolo envenenado na antevéspera do Natal, em Torres. Além disso, outras três pessoas foram intoxicadas, mas sobreviveram ao incidente.