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Canoas
14 de março de 2025

Empresa do RJ revendeu carnes contaminadas pela enchente em Canoas como cortes nobres

Empresa do RJ revendeu carnes contaminadas pela enchente em Canoas como cortes nobres; Veja detalhes da investigação

A investigação sobre as carnes estragadas que ficaram submersas na enchente de Canoas relevou novos detalhes. A empresa Tem Di Tudo Salvados, de Três Rios (RJ), vendia carne podre como se fosse nobre, embalada com marcas falsas que simulavam ser do Uruguai.

De acordo com a polícia fluminense, a empresa lavou as peças contaminadas, retirou resíduos de lama e embalou o material em caixas que imitavam marcas de alta qualidade. Algumas dessas carnes foram destinadas ao mesmo frigorífico envolvido no descarte das 800 toneladas de produtos impróprios. Em vez de transformar o material em ração animal, como deveria, a empresa maquiou a carne para vendê-la como própria para consumo humano.

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Mesmo após a descoberta do esquema, uma peça de picanha do lote contaminado ainda estava à venda na Tem Di Tudo na última quarta-feira (22). Segundo as investigações, o frigorífico de Nova Iguaçu que comprou a carne revendia os produtos para empresas de Minas Gerais, que, por coincidência, ofereceram o material de volta ao produtor original de Canoas.

As fotos obtidas pela polícia mostram carnes com aparência de apodrecimento sendo entregues no Rio Grande do Sul. Ao analisar os lotes, o produtor confirmou que se tratava do mesmo material que ficou submerso na enchente.

Lucro exorbitante com carne estragada

O delegado Wellington Vieira revelou que o esquema gerou lucros exorbitantes para os envolvidos. “A carne boa estava avaliada em cerca de R$ 5 milhões, mas a empresa comprou as 800 toneladas estragadas por apenas R$ 80 mil”, afirmou. O lucro, segundo as apurações, ultrapassou 1.000%.

Crimes e rastreamento em andamento

As investigações continuam para localizar todas as empresas que compraram os produtos sem saber que estavam impróprios. A polícia está rastreando as transações por meio de notas fiscais apreendidas no frigorífico.

Além das carnes podres, as autoridades encontraram centenas de caixas de medicamentos vencidos, testes de Covid, cigarros e até produtos de beleza no comércio investigado.

Tem Di Tudo e as irregularidades

A Tem Di Tudo Salvados tinha autorização para reaproveitar produtos vencidos para ração animal. No entanto, a polícia descobriu que carnes bovinas, suínas e de aves estragadas foram vendidas para açougues e mercados em várias regiões do Brasil.

A polícia afirma que quem consumiu a carne corre um grave risco de saúde.

Os responsáveis pelo esquema podem responder por crimes como associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos. A polícia segue investigando o alcance nacional da operação fraudulenta.

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