A investigação sobre as carnes estragadas que ficaram submersas na enchente de Canoas relevou novos detalhes. A empresa Tem Di Tudo Salvados, de Três Rios (RJ), vendia carne podre como se fosse nobre, embalada com marcas falsas que simulavam ser do Uruguai.
De acordo com a polícia fluminense, a empresa lavou as peças contaminadas, retirou resíduos de lama e embalou o material em caixas que imitavam marcas de alta qualidade. Algumas dessas carnes foram destinadas ao mesmo frigorífico envolvido no descarte das 800 toneladas de produtos impróprios. Em vez de transformar o material em ração animal, como deveria, a empresa maquiou a carne para vendê-la como própria para consumo humano.
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Carne podre virou que virou “picanha” foi revendida para Canoas
Mesmo após a descoberta do esquema, uma peça de picanha do lote contaminado ainda estava à venda na Tem Di Tudo na última quarta-feira (22). Segundo as investigações, o frigorífico de Nova Iguaçu que comprou a carne revendia os produtos para empresas de Minas Gerais, que, por coincidência, ofereceram o material de volta ao produtor original de Canoas.
As fotos obtidas pela polícia mostram carnes com aparência de apodrecimento sendo entregues no Rio Grande do Sul. Ao analisar os lotes, o produtor confirmou que se tratava do mesmo material que ficou submerso na enchente.

Lucro exorbitante com carne estragada
O delegado Wellington Vieira revelou que o esquema gerou lucros exorbitantes para os envolvidos. “A carne boa estava avaliada em cerca de R$ 5 milhões, mas a empresa comprou as 800 toneladas estragadas por apenas R$ 80 mil”, afirmou. O lucro, segundo as apurações, ultrapassou 1.000%.
Crimes e rastreamento em andamento
As investigações continuam para localizar todas as empresas que compraram os produtos sem saber que estavam impróprios. A polícia está rastreando as transações por meio de notas fiscais apreendidas no frigorífico.
Além das carnes podres, as autoridades encontraram centenas de caixas de medicamentos vencidos, testes de Covid, cigarros e até produtos de beleza no comércio investigado.
Tem Di Tudo e as irregularidades
A Tem Di Tudo Salvados tinha autorização para reaproveitar produtos vencidos para ração animal. No entanto, a polícia descobriu que carnes bovinas, suínas e de aves estragadas foram vendidas para açougues e mercados em várias regiões do Brasil.
A polícia afirma que quem consumiu a carne corre um grave risco de saúde.
Os responsáveis pelo esquema podem responder por crimes como associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos. A polícia segue investigando o alcance nacional da operação fraudulenta.