A detenta suspeita do bolo envenenado com arsênio foi encontrada morta na manhã desta quinta-feira (13) na Penitenciária de Guaíba.
Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, foi localizada com sinais de enforcamento dentro da cela, durante conferência matinal . Ela estava sob prisão preventiva desde o dia 5 de janeiro. A informação foi confirmada pelo chefe de Polícia, Fernando Sodré.
A mulher recebeu os primeiros socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência que, ao chegar no local, já estava sem sinais vitais.
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Além do bolo envenenado: suspeita de quatro mortes
Deise era investigada pela morte de três mulheres que comeram um bolo envenenado no Natal. Ela também era suspeita de ter matado o sogro em setembro.
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Fernando Sodré, confirmou que Deise recebeu arsênio pelos Correios. O comprovante de entrega mostra a assinatura dela no recebimento do produto. Além disso, a polícia encontrou um recibo do pedido feito online, com o nome da investigada como destinatária.
As investigações também revelaram que Deise pesquisou sobre venenos na internet. A análise dos registros mostrou buscas por termos como “arsênio veneno”, “arsênico veneno” e “veneno que mata humano”. A partir disso, os agentes solicitaram informações aos Correios.
Depoimentos e defesa
No dia 20 de janeiro, Zeli dos Anjos e Diego Silva dos Anjos, marido de Deise, prestaram depoimentos como testemunhas. A polícia não os trata como suspeitos.
Conforme nota divulgada no dia 10 de janeiro, a defesa de Deise afirmou que “as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas” e que aguarda o acesso total aos documentos e provas para se manifestar.
O caso do envenenamento
Sete pessoas da mesma família se reuniram para um café da tarde no dia 23 de dezembro, em Torres. Minutos após comerem um bolo, seis delas começaram a passar mal. Apenas uma não provou o alimento.
De acordo com autoridades, Zeli dos Anjos, que preparou o bolo em Arroio do Sal e levou para Torres, também precisou de atendimento hospitalar.
Três mulheres morreram em poucas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória. Já Neuza Denize Silva dos Anjos morreu devido a “choque pós-intoxicação alimentar”, conforme o hospital divulgou.
Conforme informações, Zeli dos Anjos, que ingeriu duas fatias do bolo, recebeu alta no dia 10 de janeiro. A criança de 10 anos que também comeu o doce foi liberada uma semana antes.
Nota da defesa de Deise
“A defesa da acusada Deise, representada pelo escritório Cassyus Pontes Advocacia, vem se manifestar no sentido de que houve acesso aos laudos preliminares do IGP, quanto aos fatos ocorridos na Comarca de Torres, bem como o da exumação do corpo do Sr. Paulo Luiz dos Anjos.
Entretanto, não há ainda a disponibilidade dos laudos referentes ao filho de Deise dos Anjos e seu companheiro, razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas.
Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito.
Cassyus Pontes Advocacia”
Quem é quem no caso do bolo envenenado com arsênio
Deise Moura dos Anjos: suspeita central, Deise era acusada de envenenar o bolo que matou três pessoas e deixou outras duas hospitalizadas. Ela também era suspeita de envenenar seu pai e seu sogro com arsênio. A polícia encontrou evidências de suas pesquisas sobre arsênio em seu celular. Deise estava presa e enfrentava acusações de triplo homicídio qualificado e tripla tentativa de homicídio.
Zeli dos Anjos: sogra de Deise e responsável por preparar o bolo envenenado. Zeli sobreviveu ao envenenamento mesmo após ter sido a única da família que comeu dois pedaços da sobremesa. Ela chegou a ficar internada no hospital mas já recebeu alta. A polícia acredita que ela era o principal alvo de Deise.
Neuza Denize Silva dos Anjos: irmã de Zeli e uma das vítimas fatais. Ela tinha desentendimentos com Deise, relacionados à antipatia da suspeita com sua filha, Tatiana.
Tatiana Denize: prima de Deise, Tatiana foi uma das vítimas fatais. A investigação aponta que Deise nutria ressentimentos banais em relação a Tatiana, como a realização de seu casamento em uma igreja desejada por Deise.
Matheus: sobrinho-neto de Zeli, Matheus sobreviveu ao envenenamento e foi o primeiro a receber alta do hospital. A polícia acredita que ele não era um alvo direto de Deise.
Paulo Luiz dos Anjos: sogro de Deise, envenenado com arsênio possivelmente por meio de leite em pó em setembro de 2024. Seu corpo foi exumado, confirmando a presença do veneno.
José Lori da Silveira Moura: pai de Deise, supostamente envenenado com doses menores de arsênio ao longo do tempo. A polícia planeja exumar seu corpo para confirmação.
Diego Silva dos Anjos: marido de Deise, filho de Zeli e Paulo Luiz. Até o momento, a Polícia Civil descartou o envolvimento de Diego nos envenenamentos.