A Polícia Civil de Canoas desmantelou, em agosto de 2024, um esquema de estelionato e fraude que operava dentro de um hospital da cidade. A investigação, conduzida pela 3ª Delegacia de Polícia de Canoas e coordenada pela delegada Luciane Bertoletti, revelou uma ligação direta com o crime organizado no Rio Grande do Sul.
Canoas: polícia impede plano de criminoso que forjou a própria morte: falsa enfermeira enganou paciente e familiares para aplicar golpe bancário
Tudo começou quando uma mulher, enquanto acompanhava a mãe internada em estado grave, foi abordada por uma suposta auxiliar de enfermagem. A criminosa, que se apresentava com linguagem técnica e comportamento compatível com o ambiente hospitalar, conquistou a confiança da vítima ao longo dos dias. Em seguida, ofereceu ajuda para conseguir um suposto auxílio financeiro do governo federal.
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Aproveitando-se da boa-fé da mulher, a falsa enfermeira pegou o cartão bancário da vítima, esvaziou a conta poupança, aumentou o limite do cartão de crédito e ainda contratou um empréstimo. Como resultado, causou um prejuízo total de R$ 60 mil. Todo o valor foi transferido para contas ligadas à quadrilha, deixando a vítima devastada emocional e financeiramente.
Polícia Civil encontra documentos falsos e tenta identificar rede de fraudes
A partir do depoimento, os agentes iniciaram uma investigação detalhada. Em agosto, a 3ª DP cumpriu mandados de busca nos endereços dos suspeitos. Em uma das casas, encontraram carimbos médicos, receituários, documentos falsos e até uma ficha de óbito adulterada.

Esse documento chamava atenção: continha carimbo e assinatura de um médico que, segundo ele mesmo, nunca trabalhou no hospital em questão. A ficha apontava a morte de um suposto paciente por “falência múltipla de órgãos”. No entanto, a vítima da falsa morte era, na realidade, um criminoso conhecido, com passagens por homicídios e tráfico de drogas. A data do óbito coincidia exatamente com o dia em que ele receberia um alvará de soltura.
Polícia impede plano de criminoso que forjou a própria morte: prisão em flagrante e nova fase da operação
Durante a primeira fase da operação, a Polícia Civil prendeu a falsa enfermeira em flagrante. Contudo, os trabalhos continuaram. Nesta segunda-feira (14), os agentes deflagraram a segunda fase da ação e cumpriram nove mandados de busca e apreensão nos municípios de Alvorada, Porto Alegre e Arroio dos Ratos.
A delegada Luciane Bertoletti afirmou que o objetivo da nova etapa é recolher mais provas sobre os crimes financeiros e confirmar as conexões com o crime organizado. Segundo ela, a Polícia Civil seguirá firme para garantir justiça e segurança à população.
Investigação frustrou plano de criminoso que tentava forjar própria morte
O delegado regional Cristiano Reschke destacou que a operação teve um impacto ainda mais profundo: impediu que um dos principais líderes do crime organizado forjasse a própria morte para escapar da prisão. “A investigação evitou que o criminoso usasse documentos falsos para se tornar oficialmente morto e fugir da Justiça. A nova prisão preventiva dele foi decretada dias antes da soltura, e o plano falhou”, explicou Reschke.
Com isso, a Polícia Civil frustrou o plano da facção criminosa de criar uma nova identidade para o líder, usando o falso óbito como justificativa para desaparecer.
Além disso, o homem que recebeu parte dos R$ 60 mil desviados foi preso na quinta-feira anterior. Ele já estava sendo investigado por comandar um esquema de agiotagem na Região Metropolitana de Porto Alegre.