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21 de junho de 2025

Aspartame: adoçante polêmico que divide a ciência pode causar câncer?

Nos anos 90 e 2000, consumir produtos “light” ou “diet” virou sinônimo de vida saudável. Bastava ver a palavra “zero açúcar” para sentir que estava no caminho certo. Mas em meio a tantos rótulos coloridos, um nome apareceu em letras miúdas e levantou grandes debates: aspartame.

Hoje, ele continua no centro das discussões sobre saúde. Afinal, o aspartame é seguro ou oferece riscos? A ciência tem algumas respostas — e elas são mais equilibradas do que parecem.

O que é aspartame?

O aspartame é um adoçante artificial usado para substituir o açúcar em alimentos e bebidas. Ele é cerca de 200 vezes mais doce que o açúcar comum, o que permite seu uso em quantidades muito pequenas.

Criado em 1965 e aprovado para consumo em mais de 100 países, ele é presença constante em produtos como:

  • Refrigerantes diet/light
  • Gomas de mascar
  • Iogurtes
  • Gelatinas
  • Medicamentos líquidos

Aspartame faz mal?

Em julho de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) classificaram o aspartame como possivelmente cancerígeno para humanos.

Importante: Essa classificação se baseia em evidências limitadas, especialmente relacionadas a um tipo de câncer no fígado (carcinoma hepatocelular). Não significa que o aspartame cause câncer, mas sim que existe um risco que merece atenção e mais estudos.

Por outro lado, o JECFA (comitê da OMS e FAO para segurança alimentar) reafirmou que doses moderadas de aspartame são seguras.

A ingestão diária aceitável (IDA) é de 40 mg por quilo de peso corporal. Para uma pessoa de 70 kg, isso dá aproximadamente 10 a 14 latas de refrigerante diet por dia — muito acima do consumo médio.

O que dizem os especialistas?

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu um alerta: embora o aspartame seja considerado seguro em pequenas quantidades, o consumo frequente e excessivo por crianças e adolescentes pode trazer riscos, especialmente pelo impacto em hábitos alimentares e preferências por sabores muito doces.

Além disso, o uso constante de adoçantes não elimina os riscos de dietas ricas em ultraprocessados.

Curiosidades sobre o aspartame:

  • Foi descoberto por acaso em 1965 por um químico que lambia os dedos enquanto trabalhava com moléculas experimentais.
  • Embora seja artificial, o aspartame é feito a partir de dois aminoácidos naturais: ácido aspártico e fenilalanina.
  • Pessoas com uma condição rara chamada fenilcetonúria (PKU) não podem consumir aspartame, pois não metabolizam bem a fenilalanina.
  • É um dos adoçantes mais testados do mundo, com centenas de estudos revisados por órgãos internacionais.

Doce, mas com moderação

O aspartame é um dos adoçantes mais estudados da história. A maior parte dos estudos e das agências reguladoras aponta que seu consumo moderado é seguro para a maioria das pessoas.

Mas, como tudo na nutrição, o segredo está no equilíbrio. Reduzir o consumo de ultraprocessados, escolher alimentos mais naturais e se informar com fontes confiáveis ainda é o melhor caminho para quem busca saúde — com ou sem açúcar.

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