A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou que deixou o Brasil poucos dias após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão. A sentença é resultado do seu envolvimento na invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em entrevista ao canal AuriVerde, no YouTube, Zambelli afirmou que está na Europa, onde pretende permanecer por ter cidadania europeia. Ela também anunciou que vai pedir afastamento não remunerado do cargo de deputada federal.
“Já estou fora do Brasil há alguns dias. Vim buscar tratamento médico e vou me basear na Europa. Não estou abandonando o país, estou resistindo”, declarou Zambelli.
Condenação e acusações
Zambelli foi considerada autora intelectual da invasão aos sistemas do CNJ, em janeiro de 2023. O hacker Walter Delgatti Neto, que executou o ataque, confessou ter recebido instruções e pagamentos da parlamentar. Entre as ações, estava até a criação de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.
O Supremo determinou também a perda do mandato, que será efetivada apenas após o fim dos recursos. Ela também ficou inelegível por oito anos.
Defesa e recursos
A equipe jurídica de Zambelli entrou com recurso no STF, alegando cerceamento de defesa. Eles afirmam não ter tido acesso completo a provas importantes, incluindo 700 GB de dados armazenados na plataforma “Mega.io”.
A defesa pediu:
- Acesso total às provas
- Anulação da condenação
- Reversão da perda de mandato
“Vou denunciar a ditadura brasileira na Europa”
Zambelli disse que pretende denunciar o que chama de “ditadura brasileira” em tribunais internacionais:
“Levarei essa denúncia a todas as Cortes da Europa. Essa não é uma fuga, é um ato de resistência.”
Ela comparou sua situação à de Eduardo Bolsonaro, que também está fora do Brasil com licença não remunerada.
Estado de saúde e pedido de ajuda financeira
Carla Zambelli afirmou sofrer de síndrome de Ehlers-Danlos, um problema raro que afeta as articulações, além de doenças cardíacas e depressão. Em maio, disse que “não sobreviveria à cadeia”.
Zambelli também usou as redes sociais para pedir doações via Pix, alegando não ter recursos para pagar as multas judiciais.
“Essa é uma batalha por todos nós”, escreveu. Segundo ela, foi um pedido feito com “coração apertado”.
Contexto político
A deputada já havia sido apontada como um dos fatores que prejudicaram a reeleição de Jair Bolsonaro em 2022, após um episódio em que perseguiu um homem armada em São Paulo, na véspera do segundo turno. O ex-presidente declarou que o caso “tirou votos importantes”
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