A Federação Internacional de Diabetes (IDF) reconheceu uma nova categoria dentro do espectro do diabetes: o diabetes tipo 5. Embora não seja uma condição recente, o que antes era conhecido como “diabetes relacionado à desnutrição” passou a ter uma denominação formal e está em processo de definição de critérios diagnósticos e terapêuticos padronizados.
Esse tipo de diabetes afeta principalmente jovens magros e desnutridos, sendo mais comum em países de baixa e média renda, como Índia, Etiópia, Uganda, Nigéria e Tailândia. A causa está associada à desnutrição calórico-proteica, especialmente durante a vida intrauterina ou nos primeiros anos da infância — fases críticas para o desenvolvimento dos órgãos.
Diferenças entre o diabetes tipo 5, tipo 1 e tipo 2
O diabetes tipo 5 frequentemente confunde médicos e profissionais de saúde, já que também atinge jovens com baixo IMC (geralmente abaixo de 18,5), assim como o diabetes tipo 1, que é uma doença autoimune. No entanto, essas duas formas da doença apresentam diferenças importantes.
- Tipo 1: destruição total das células beta do pâncreas, levando à ausência de insulina e risco elevado de cetoacidose.
- Tipo 5: produção reduzida, mas presente de insulina, o suficiente para evitar a cetoacidose, embora incapaz de manter a glicemia controlada.
- Tipo 2: geralmente aparece após os 40 anos e está associado ao excesso de peso e à resistência à insulina, o oposto do tipo 5.
Segundo o médico Dr. Fernando Valente, diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes, ainda não há dados sobre a prevalência do tipo 5 no Brasil, mas é possível que muitos casos sejam confundidos com o tipo 1, principalmente em áreas rurais e com acesso limitado à saúde.
Por que a nova classificação é tão importante?
A formalização do diabetes tipo 5 pela IDF é um passo crucial para garantir diagnóstico correto, tratamento adequado e mais pesquisas científicas. O presidente da IDF, Peter Schwarz, anunciou a criação de um grupo de trabalho internacional para estabelecer diretrizes clínicas nos próximos dois anos.
Reconhecer esse tipo de diabetes de forma autônoma permitirá maior visibilidade à condição, sobretudo entre populações vulneráveis que historicamente não têm acesso a diagnóstico e tratamento adequados.
Tratamento envolve mais do que insulina
Diferente de outros tipos, o tratamento do diabetes tipo 5 requer um plano nutricional cuidadoso, com reposição calórica, proteínas e micronutrientes. A insulina pode ser utilizada em casos específicos, mas o foco está na reabilitação nutricional completa, conforme destaca Valente. “Isso também fará com que este tipo de diabetes seja melhor estudado, trazendo maior entendimento sobre a doença e um tratamento mais preciso e específico”, conclui.
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