Em estudo recente, a Nasa (sigla em inglês para a Agência Espacial Norte-Americana), afirmou que o Brasil será inabitável daqui 50 anos. Segundo os especialistas, até 2070, partes do território brasileiro podem se tornar quentes demais para a sobrevivência humana, por causa das mudanças climáticas e da alta umidade do ar.
O alerta se baseia em um estudo liderado por Colin Raymond e publicado em 2020 na revista Science Advances, referência entre as publicações científicas. Na época, o Brasil não foi citado diretamente na pesquisa. Mas em 2022, ao comentar o estudo para o blog da NASA, Raymond destacou o Brasil como uma das regiões tropicais com risco crescente de eventos de calor letal.
“Brasil será inabitável”: entenda a afirmação da Nasa em estudo: quando o calor pode matar
De acordo com o levantamento, o perigo acontece quando a temperatura e a umidade atingem níveis tão altos que o suor, nosso mecanismo natural de resfriamento, para de funcionar. O corpo, então, superaquece rapidamente. Em alguns casos, uma pessoa saudável pode resistir por no máximo duas horas.
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Essas situações de calor extremo e umidade elevada se multiplicaram nas últimas quatro décadas, especialmente em regiões como o Oriente Médio, o sul da Ásia e partes da América do Norte.
Segundo o climatologista brasileiro Carlos Nobre, esse tipo de estresse térmico poderá afetar cada vez mais cidades brasileiras, especialmente:
- regiões costeiras (com muita umidade);
- metrópoles densamente urbanizadas como São Paulo e Rio de Janeiro;
- locais próximos a grandes lagos e baías;
- áreas próximas à Floresta Amazônica.
“Se a temperatura média do planeta subir mais de 4 °C, regiões inteiras — inclusive no Brasil — podem se tornar inabitáveis”, alertou Nobre à TV Brasil.
“Brasil inabitável” não é exagero?
Para Fernando Cesario, líder científico da ONG TNC (The Nature Conservancy), o estudo não precisa causar pânico, mas deve sim acender um alerta. Ele explica à TV Brasil que as situações descritas hoje ainda são pontuais, duram poucos minutos ou horas e não representam todo o território brasileiro.
“Mas se continuarmos emitindo CO₂ sem controle, esses eventos vão durar mais tempo e se repetir com mais frequência. Isso vai, sim, colocar vidas em risco”, afirmou Cesario.
O que pode ser feito?
A redução de gases do efeito estufa é urgente. Mesmo com o Acordo de Paris em vigor desde 2015, o mundo ainda não conseguiu diminuir de forma significativa as emissões.
Além disso, o reflorestamento e o uso inteligente da terra podem fazer a diferença.
“O Brasil pode dobrar a produção de grãos sem derrubar uma árvore. Basta recuperar áreas degradadas”, lembrou Cesario.
O que está em jogo
Se as previsões mais pessimistas se concretizarem, a realidade futura pode ser ainda mais grave. Em 2020, a NASA já previa que, até 2100, quase três quartos da população mundial viveriam sob o risco de ondas de calor fatais, caso nada seja feito.

Carlos Nobre também alertou que, com o derretimento de geleiras e o aquecimento dos oceanos, gases presos há milênios poderiam ser liberados e acelerar ainda mais o aquecimento global.
“Neste cenário, os únicos lugares habitáveis da Terra seriam regiões como os Alpes, o Ártico ou a Antártica. Ou seja, lugares gelados e com pouca gente hoje”, concluiu.