As enchentes frequentes que atingem o Rio Grande do Sul, como a tragédia de maio de 2024, e as recentes inundações de junho de 2025 podem deixar de ser um evento raro. Um novo estudo da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aponta que episódios extremos como esse podem se tornar cinco vezes mais comuns nas próximas décadas. A pesquisa carrega um alerta direto: é hora de planejar o futuro com base na realidade climática atual.
Estudo aponta que enchentes no Rio Grande do Sul podem ser cinco vezes mais frequentes: O que diz o estudo
Com o título “As Enchentes no Rio Grande do Sul: Lições, Desafios e Caminhos para um Futuro Resiliente”, o levantamento reúne análises de especialistas e instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Serviço Geológico do Brasil (SGB).
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A ANA destaca que eventos que antes ocorriam a cada 50 anos poderão, em breve, acontecer a cada 10 anos. Além disso, as vazões máximas dos rios da região Sul podem aumentar em até 20%. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, isso pode representar uma elevação de 50 cm a 1 metro no nível das águas durante as cheias.
Impactos da enchente de 2024
O estudo também relembra a dimensão da tragédia no RS:
- 478 cidades atingidas (de um total de 497);
- 2,39 milhões de pessoas impactadas;
- 184 mortes, 806 feridos e 25 desaparecidos;
- 146 mil desalojados e mais de 50 mil desabrigados.
O relatório afirma que as enchentes escancararam as fragilidades no planejamento urbano, na gestão hídrica e na comunicação de riscos à população. Um dado marcante é o nível do Guaíba, que atingiu 5,37 metros no Cais Mauá, superando em 61 cm o recorde da enchente de 1941.
Por que o RS é mais vulnerável?
Segundo os especialistas, o Estado é banhado por duas grandes bacias hidrográficas (a do Rio Uruguai e a da Lagoa dos Patos) o que facilita enchentes rápidas e intensas em grandes áreas. O escoamento das águas se torna mais veloz, e isso amplia o risco de desastres em eventos com chuva extrema.
Caminhos para um futuro resiliente
A ANA e seus parceiros listaram medidas para prevenir novas tragédias e melhorar a resposta diante de eventos climáticos extremos:
- Planejamento urbano com base em cenários de chuva extrema;
- Monitoramento constante das bacias, com sensores de alta frequência;
- Investimento em tecnologia e sistemas de alerta precoce;
- Revisão da infraestrutura para reduzir perdas humanas e econômicas;
- Educação e cultura de prevenção nas comunidades afetadas.

O estudo é resultado do trabalho do Grupo Técnico de Assessoramento para Estudos Hidrológicos e de Segurança (GTA RS) e reforça que a tragédia de 2024 deve ser considerada o novo parâmetro mínimo para o planejamento de cidades em áreas de risco.