A Polícia Civil deflagrou, nesta quinta-feira (3), a Operação Costa Nostra, com foco em lavagem de dinheiro. O alvo é uma facção com base na zona sul de Porto Alegre que, segundo as investigações, tem comprado imóveis em Santa Catarina com dinheiro do tráfico de drogas.
Conforme a Polícia Civil, um dos principais investimentos foi uma pousada na Praia do Caixa d’Aço, em Porto Belo (SC), avaliada em R$ 5 milhões. A ofensiva acontece também em Camboriú e Palhoça, além de Gravataí, Capão da Canoa e Tramandaí, no RS.
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Ao todo, são 143 ordens judiciais, incluindo buscas e apreensões, bloqueio de contas, restrição de veículos, sequestro de cinco imóveis e quebra de sigilos. Já foram identificados R$ 8 milhões em patrimônio do grupo criminoso.
— Chama atenção o investimento que fazem no turismo, com pousadas, aluguéis de lanchas e jet-ski. Eles estão morando nesses locais e, ao mesmo tempo, investindo — explicou o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, do DHPP para GZH.
Operação Costa Nostra: Facção lavava dinheiro com imóveis e veículos de luxo
De acordo com a Polícia Civil, além da pousada, o grupo comprou uma residência de R$ 3 milhões e criou uma empresa de fachada. Em Porto Alegre, um dos imóveis com sequestro judicial é avaliado em R$ 1,2 milhão.
A facção também adquiriu uma lancha, jet-ski, motos e carros de alto padrão, mesmo sem apresentar rendimentos compatíveis.
Investigação teve origem em caso de tentativa de homicídio
A Operação Costa Nostra surgiu após um caso de tentativa de homicídio, ocorrido há dois anos. Um dos líderes da facção teria ordenado a execução de um membro do próprio grupo.
Conforme investigações, a vítima foi sequestrada e levada à presença do chefe do grupo. No entanto, conseguiu escapar após perceber que seria executada. Mesmo baleada, sobreviveu.
Desde então, os investigadores passaram a monitorar os principais líderes da facção, que já passaram por penitenciárias federais e atuam há anos no tráfico.
Objetivo é sufocar financeiramente o crime organizado
De acordo com a Polícia Civil, o objetivo da Operação Costa Nostra é descapitalizar a organização criminosa, interrompendo o ciclo de reinvestimento do lucro do tráfico em crimes como homicídios.
— A repressão à lavagem de dinheiro enfraquece o poder financeiro dos grupos. Isso dificulta que eles usem dinheiro ilícito para financiar assassinatos — afirmou o diretor do DHPP, delegado Mario Souza para GZH.
A ação segue o protocolo de dissuasão focada, inspirado em modelos usados nos Estados Unidos. A estratégia visa impedir que ordens de execução, muitas vezes enviadas de dentro das cadeias, continuem sendo cumpridas nas ruas.