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Canoas
12 de julho de 2025

“Minhas mãos são minha visão”, diz montador com deficiência visual que atua em fábrica em Canoas

Desde 2007, ele atua na linha de montagem de uma fábrica de Canoas

Usando o tato como principal ferramenta de trabalho, o montador Cristiano de Souza Sarmento atua desde 2007 na linha de montagem de tratores da AGCO em Canoas. Com deficiência visual, o profissional foi o primeiro colaborador com essa condição a integrar a equipe da planta gaúcha.

Nesses 18 anos de atuação, Cristiano realiza seu trabalho com base em um sistema de organização adaptado, além do suporte da equipe. Além disso, ele relata que utiliza a memória e a sensibilidade das mãos para identificar a posição e o encaixe das peças durante o processo de montagem.

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“Minhas mãos são minha visão. Cada peça que chega, confiro com o tato. Às vezes, identifico um defeito que passaria despercebido para quem usa apenas a visão”, comenta Cristiano.

Montador com deficiência visual é exemplo em fábrica em Canoas: trabalhar em uma multinacional era o sonho de Cristiano

Antes de chegar na AGCO, Cristiano trabalhou por cinco anos na Associação de Deficientes Visuais de Canoas. Após concluir o ensino médio, decidiu buscar oportunidades na indústria e, por isso, encaminhou seu currículo para a multinacional.

“Queria trabalhar em uma multinacional, por isso entreguei meu currículo na AGCO. Participei das entrevistas e conquistei a oportunidade”, recorda.

Cristiano tem formação em logística. Dentro da empresa, ele começou na montagem de radiadores e, por fim, ao longo dos anos, passou a desempenhar outras funções.

“Gosto de aprender todos os dias e quero continuar crescendo. Sou cobrado como qualquer outro colaborar, e acho isso justo. Não sou diferente de ninguém, só uso sentidos diferentes para fazer o mesmo trabalho”, pontua.

Montador é exemplo dentro da fábrica

De acordo com Angélica Kanashiro, vice-presidente de Recursos Humanos da AGCO, o profissional é exemplo dentro da fábrica.

“Cristiano é um exemplo de como o ambiente industrial pode – e deve – ser acessível a todos. Mais do que vencer barreiras físicas, ele inspira pela dedicação e pelo comprometimento com a qualidade. Acreditamos que equipes diversas são essenciais para construir o futuro da agricultura”, ressalta.

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