Um caso clínico raro registrado na Suécia acendeu um alerta importante sobre os riscos da exposição acidental de crianças a hormônios usados por adultos. Uma bebê de apenas 10 meses apresentou alterações nas genitálias após ter contato direto com o gel de testosterona aplicado pelo próprio pai.
Segundo médicos suecos, a criança era frequentemente colocada deitada no peito nu do pai logo após ele aplicar o gel hormonal, como parte da prática do contato pele a pele — comum e recomendada para fortalecer o vínculo entre pais e bebês. No entanto, esse contato inadvertidamente expôs a bebê a doses elevadas de testosterona, resultando em efeitos físicos inesperados.
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O que aconteceu com a bebê?
Com o passar dos meses, os pais notaram mudanças físicas incomuns na filha:
- Aumento do clitóris (clitoromegalia);
- Fusão ou fechamento parcial dos lábios vaginais.
Esses sinais motivaram a busca por orientação médica. Após exames e investigação clínica, os profissionais identificaram que os sintomas estavam diretamente relacionados à exposição ao gel de testosterona usado pelo pai.
Após a interrupção do uso do hormônio ou a adoção de medidas de segurança — como uso de roupas ou intervalo entre a aplicação e o contato com a criança — os efeitos começaram a regredir naturalmente, segundo os médicos.
O que é a testosterona e quais os riscos?
A testosterona é o principal hormônio sexual masculino, produzido principalmente pelos testículos e, em menor grau, pelas glândulas suprarrenais. Ela é responsável por características como:
- Engrossamento da voz;
- Crescimento de pelos;
- Aumento dos genitais;
- Fortalecimento muscular e ósseo.
Embora as mulheres também produzam testosterona em pequenas quantidades, o excesso do hormônio em meninas ou bebês pode causar efeitos virilizantes — como crescimento anormal de órgãos genitais, alteração na distribuição de gordura e até desenvolvimento precoce de características sexuais masculinas.
Médicos alertam para outros casos semelhantes
A endocrinologista pediátrica Jovanna Dahlgren, do Hospital Universitário Sahlgrenska, em Gotemburgo, declarou ao jornal Göteborgs-Posten que esse não é um caso isolado. Segundo ela, ao menos seis crianças já foram acompanhadas com sintomas causados por contato acidental com hormônios de reposição usados por adultos.
Ela também relatou o caso de um menino que desenvolveu ginecomastia (aumento das mamas) após contato com creme de estrogênio aplicado pela mãe durante tratamento hormonal.
“As pessoas nem sempre entendem o quão potentes esses tratamentos são”, afirmou Jovanna.
Como evitar a exposição de crianças a hormônios?
Especialistas recomendam atenção redobrada aos seguintes cuidados:
- Lavar bem as mãos após a aplicação de géis ou cremes hormonais;
- Evitar o contato direto da área tratada com crianças, principalmente pele a pele;
- Aguardar a absorção completa do produto antes de vestir roupas ou segurar o bebê;
- Usar roupas que cubram a área tratada durante o contato com menores;
- Seguir todas as orientações médicas e dos fabricantes dos medicamentos.