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19 de julho de 2025

Cientistas conseguem remover cromossomo da síndrome de Down

Pesquisa usa CRISPR para remover o cromossomo extra da síndrome de Down em laboratório; Veja detalhes a seguir

Pesquisadores do Japão alcançaram um avanço inédito no estudo da síndrome de Down. Utilizando a técnica de edição genética CRISPR-Cas9, a equipe conseguiu remover o cromossomo extra que caracteriza a condição em células humanas cultivadas em laboratório.

A descoberta foi publicada na revista científica PNAS Nexus e representa um possível primeiro passo em direção a futuras terapias genéticas voltadas para a trissomia do cromossomo 21.

O que causa a síndrome de Down?

A síndrome de Down é uma condição genética causada pela presença de três cópias do cromossomo 21, em vez das duas habituais. Esse excesso de material genético leva a alterações no desenvolvimento físico, cognitivo e intelectual da pessoa.

Estima-se que 1 a cada 700 bebês nascidos vivos tenha a síndrome, que atualmente não possui tratamentos que atuem na causa genética da condição, apenas acompanhamentos clínicos e educacionais.

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Como o estudo foi feito?

Na nova pesquisa, os cientistas japoneses aplicaram a técnica CRISPR-Cas9 em dois tipos de células humanas com trissomia 21:

  • Células-tronco pluripotentes induzidas (capazes de se transformar em diversos tecidos);
  • Fibroblastos da pele (células comuns do tecido conjuntivo).

A equipe identificou qual das três cópias do cromossomo 21 era redundante e a removeu com sucesso, sem danificar as demais estruturas celulares.

Células funcionaram como típicas após remoção do cromossomo

Mais do que apenas eliminar o cromossomo excedente, os pesquisadores observaram que as células passaram a expressar genes e se comportar de forma semelhante às células típicas, ou seja, sem trissomia.

Para aumentar a taxa de sucesso da remoção, os cientistas inibiram temporariamente os mecanismos de reparo do DNA, o que facilitou a exclusão precisa do cromossomo extra.

E agora? Próximos passos da pesquisa

Apesar do avanço, os autores do estudo alertam que ainda há um longo caminho até que a técnica possa ser testada em humanos ou em organismos vivos. Entre os desafios, estão:

  • Riscos de alterações genéticas não intencionais;
  • Garantia de segurança e eficácia a longo prazo;
  • Necessidade de testes em modelos animais antes de qualquer aplicação clínica.

Mesmo assim, os cientistas acreditam que a técnica poderá, futuramente, abrir portas para intervenções em células do cérebro, como neurônios e células da glia, o que pode significar novas perspectivas para pessoas com síndrome de Down.

Por que essa descoberta importa?

Esta é a primeira vez que pesquisadores conseguem remover um dos cromossomos responsáveis pela síndrome de Down em células humanas de forma tão precisa e eficaz. O estudo reacende debates sobre possibilidades de tratamentos genéticos e, embora ainda distante da prática clínica, representa um marco científico promissor.

Guilherme Galhardo
Guilherme Galhardo
Estudante de jornalismo, apaixonado pela cultura POP, luta-livre, games, séries e filmes. Entusiasta de meteorologia e punk rocker nas horas vagas.
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