A Coca-Cola anunciou que vai mudar a fórmula do refrigerante vendido nos Estados Unidos, substituindo o tradicional xarope de milho por açúcar de cana-de-açúcar. A decisão foi motivada por uma pressão direta do presidente Donald Trump, segundo apurou a imprensa americana.
A alteração, no entanto, não representa uma melhora nutricional para os consumidores. De acordo com especialistas ouvidos por nutricionistas, tanto o xarope de milho quanto a sacarose da cana são prejudiciais à saúde quando consumidos em excesso.
O que muda na Coca-Cola dos EUA?
Atualmente, a Coca-Cola americana é adoçada com xarope de milho rico em frutose (HFCS, na sigla em inglês), uma substância barata, de sabor intenso e muito comum na indústria alimentícia norte-americana. Com a nova medida, a bebida passará a usar açúcar de cana, como já ocorre em países como Brasil, México, Austrália e Reino Unido.
A mudança segue a pressão de políticos conservadores, entre eles Trump e o secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., que vêm defendendo uma campanha para “limpar” os alimentos americanos de ingredientes processados, como óleos vegetais refinados, xarope de milho e corantes artificiais.
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Trump declarou que a mudança na Coca-Cola “era simplesmente melhor”, mas não apresentou fundamentos científicos.
Efeitos para a saúde: frutose x sacarose
Segundo a nutricionista Lívia Horácio, da Unifesp, a substituição não representa um avanço nutricional:
“Na prática, a troca de xarope de milho por açúcar de cana não muda o impacto metabólico. Ambos são calóricos e têm baixo valor nutritivo”, explica ao G1.
Já a pesquisadora Isabela Gouveia, do Food Research Center (FoRC/USP), ressalta que a frutose concentrada do xarope de milho pode ter efeitos mais nocivos à saúde do que a sacarose, principalmente no fígado e no metabolismo da insulina. Ainda assim, ela alerta:
“Nenhum tipo de açúcar ultraprocessado deve ser consumido em excesso. Seja ele frutose, sacarose ou melado, todos são calóricos e podem causar problemas metabólicos.”
Vai importar açúcar do Brasil?
A mudança na fórmula pode fazer com que os EUA importem mais açúcar, e o Brasil pode ser um dos fornecedores. O país é o maior exportador mundial de açúcar de cana, o que levanta expectativas econômicas, especialmente no setor do agronegócio.
No entanto, ainda não há confirmação oficial sobre contratos de importação.
Existe uma Coca-Cola saudável?
A resposta dos especialistas é não. Mesmo versões diet ou zero açúcar não são isentas de polêmica: adoçantes artificiais podem afetar a microbiota intestinal, o apetite e até mesmo o metabolismo, segundo estudos recentes.

Ou seja, a nova Coca-Cola dos EUA pode até ser diferente no sabor, mas continua sendo um refrigerante com alto teor de açúcar e baixo valor nutricional.