O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou estar “se divertindo muito” em seu segundo mandato à frente da Casa Branca. A afirmação foi feita em uma entrevista concedida à revista The Atlantic, publicada nesta segunda-feira (28), às vésperas da marca simbólica dos 100 dias de governo.
Com seu estilo provocador característico, Trump disparou:
“Da primeira vez eu tinha duas coisas para fazer: mandar no país e sobreviver. E eu tinha comigo todo esse povo desonesto. Nesta segunda vez, eu mando no país e no mundo.”
A entrevista, recheada de bastidores, escândalos e afirmações polêmicas, expõe uma presidência mais ousada e concentrada em poder, marcada por decisões radicais e pela consolidação de influência política, econômica e diplomática — interna e externamente.
Explosivo desde o primeiro dia
A The Atlantic destaca que o novo mandato de Donald Trump começou em ritmo acelerado e controverso. Em apenas 100 dias, ele já assinou mais de cem decretos executivos, muitos deles logo no primeiro dia. As medidas incluem:
- Perdão presidencial a quase 1.600 apoiadores envolvidos no ataque ao Capitólio, em 2021;
- Duras sanções contra programas de diversidade e inclusão no governo federal;
- Demissão em massa de reguladores e funcionários independentes;
- Tarifas globais agressivas e endurecimento nas relações com aliados estratégicos, como Ucrânia e OTAN.
Escândalo dos planos de ataque no Iêmen
A matéria também traz à tona o primeiro grande escândalo do novo governo Trump. Segundo o editor-chefe da revista, Jeffrey Goldberg, houve um vazamento de planos secretos de bombardeios contra rebeldes houthis no Iêmen, aliados do Irã.
O detalhe curioso é que Goldberg foi incluído, por engano, em um grupo de mensagens reservado a altas autoridades do governo, incluindo o vice-presidente J.D. Vance. Horas depois, os bombardeios ocorreram — exatamente como discutido nas mensagens.
O próprio Trump, incomodado com a situação, insistiu na presença de Goldberg durante a entrevista, exigindo que o editor participasse da conversa com os repórteres. A entrevista foi marcada, desmarcada “com raiva”, e só confirmada após pressão direta do presidente.
Chamadas fora de hora e contatos improvisados
Donald Trump também surpreendeu os repórteres com telefonemas inesperados. Segundo a reportagem, ele ligou de madrugada, “aparentemente por engano”, antes de aceitar formalmente conceder a entrevista. Ao longo da apuração, Trump teria feito outras ligações improvisadas para comentar assuntos diversos.
De inimigos a aliados: Trump conquista o Vale do Silício
Outro ponto abordado pela revista é a relação de Trump com os bilionários da tecnologia. Segundo ele, nomes como Mark Zuckerberg (Meta) e Jeff Bezos (Amazon) — antes críticos ferrenhos de sua administração — agora estariam mais receptivos ao diálogo.
“Acho que eles estão me conhecendo melhor. As coisas mudaram bastante”, afirmou o presidente, sem dar muitos detalhes sobre acordos ou alianças.
Como Trump se manteve relevante mesmo sob ataque
A reportagem também buscou entender como Donald Trump conseguiu manter sua relevância política, mesmo após enfrentar:
- Diversos processos judiciais;
- Suspensões e banimentos em redes sociais;
- Rompimentos com grandes doadores e boicotes empresariais.
Segundo aliados ouvidos pela revista, Trump soube aproveitar momentos de fragilidade dos adversários e explorar a percepção de perseguição para se fortalecer politicamente.
O reencontro com Kevin McCarthy: reconciliação explosiva
Um episódio marcante nesse contexto foi o reencontro com Kevin McCarthy, então líder da minoria republicana na Câmara durante a presidência de Joe Biden. À época, os dois estavam rompidos por causa do ataque ao Capitólio, e McCarthy havia criticado Trump publicamente.

O encontro ocorreu na Flórida, em um evento de campanha, e foi cercado de especulações. Antes mesmo da reunião, o encontro foi vazado ao The New York Times, acirrando os rumores de uma tentativa de reconciliação dentro do Partido Republicano.