O que começou como uma tentativa de se enturmar virou um pesadelo para Laura Beatriz Nascimento, de 27 anos. A brasiliense foi diagnosticada com câncer no pulmão em 2024, após anos de uso excessivo de cigarros eletrônicos — os populares vapes.
A primeira experiência com nicotina veio aos 14 anos, influenciada por amigos. O consumo esporádico evoluiu para um vício sério durante um intercâmbio na Nova Zelândia, onde Laura conheceu o cigarro eletrônico. A dependência se intensificou em 2020, com a popularização dos pods descartáveis durante a pandemia.
LEIA MAIS:
- Hospital da região fecha após identificar superbactéria em UTI
- Nubank libera empréstimo para negativados; Veja como fazer
- Consulte seu CPF e saiba se você tem direito a auxílio de R$ 2 mil
Câncer de pulmão: a falsa promessa do vape
Laura acreditava que o vape era menos prejudicial que o cigarro tradicional. Mas a realidade foi outra: o consumo aumentou, a dependência se instalou e os sintomas começaram a aparecer.
“Depois do pod, fiquei totalmente dependente e passei a fumar todo dia. Não conseguia ficar sem”, relata.

Mesmo mantendo uma rotina ativa com treinos e corridas, Laura notava dificuldades respiratórias, atribuídas ao cansaço. Em novembro de 2024, após tosses intensas e dores nas costas, buscou atendimento médico. O diagnóstico veio como um choque: câncer no pulmão, exigindo cirurgia para remoção de parte dos órgãos comprometidos.
Os riscos reais dos cigarros eletrônicos
Apesar do apelo visual e dos aromas agradáveis, os vapes escondem perigos sérios:
Risco | Detalhes |
---|---|
Alta concentração de nicotina | Pode ser superior à do cigarro comum, aumentando a dependência |
EVALI | Lesão pulmonar aguda associada ao uso de vape, especialmente com THC |
Doenças pulmonares | Incluem bronquite, enfisema e câncer |
Problemas cardiovasculares | A nicotina afeta diretamente o sistema circulatório |
Segundo o pneumologista Fabrício Sanches, do Hospital Santa Lúcia:
“Os cigarros eletrônicos podem facilitar a entrega de doses mais elevadas e rápidas de nicotina, potencializando o risco de dependência.”
Recuperação e conscientização
Após a cirurgia, Laura iniciou um processo de recuperação com atividades físicas regulares. Desde abril, voltou à academia e à natação. Os resultados são animadores: superou seu recorde na corrida e hoje usa sua história para conscientizar jovens sobre os perigos do vape.
“Sempre dá tempo de parar. Se recair, tente de novo. Uma hora você consegue.”
O caso de Laura é um alerta para os riscos silenciosos dos cigarros eletrônicos. A promessa de uma alternativa “mais saudável” ao cigarro tradicional pode esconder consequências graves. A conscientização é urgente — especialmente entre os jovens, principais alvos da indústria do vape.