Você já chegou em casa e encontrou o sofá destruído, o lixo revirado ou aquele sapato favorito mastigado? E lá está ele: o cachorro com o corpo encolhido, o olhar desviado e aquela clássica “cara de culpa”. Mas será que os cães sabem que estão fazendo besteira ou estamos apenas interpretando suas reações com olhos humanos?
Cães entendem certo e errado?
Ao contrário dos humanos, os cães não têm um conceito moral de certo ou errado. Eles aprendem por associação: se uma ação gera uma resposta positiva do tutor, tendem a repeti-la; se gera uma reação negativa, evitam. Segundo a veterinária Bárbara Lopes, da clínica Vet Smart, quando dizemos que “o cachorro sabe que errou”, estamos projetando emoções humanas em comportamentos instintivos.
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A famosa “cara de coitado” é instinto, não culpa
A expressão de arrependimento que muitos tutores interpretam como culpa é, na verdade, um conjunto de sinais de apaziguamento. Os cães percebem o tom de voz, a linguagem corporal e o humor do tutor, e reagem tentando evitar conflito. Ou seja, a “carinha de culpa” mostra que o cão está desconfortável com o clima emocional, não necessariamente com o que fez.
Como ensinar sem gerar medo
Para corrigir comportamentos indesejados sem assustar o cão, siga estas dicas:
- Evite usar o nome do cão durante a bronca.
- Seja firme, mas nunca agressivo física ou verbalmente.
- Estabeleça regras claras e consistentes.
- Respeite os limites do animal e evite forçá-lo a situações desconfortáveis.
Desobediência ou instinto?
Alguns comportamentos que parecem “besteira” são, na verdade, instintos naturais. Terriers gostam de cavar, Golden Retrievers têm tendência a buscar objetos.
Segundo o veterinário Thiago Borba, para que o cão associe a bronca ao comportamento, a correção deve ser imediata. Sermões longos não funcionam — os cães não compreendem explicações complexas.
Então, cães sabem que estão fazendo besteira? A resposta é: não da forma como imaginamos.
Eles reagem ao ambiente e às emoções humanas, mas não sentem culpa como nós. Cabe ao tutor ensinar com paciência, consistência e respeito, entendendo que por trás da bagunça pode haver apenas um instinto natural.
