A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, na manhã desta terça-feira, a segunda fase da Operação Dama de Copas, que mira uma organização criminosa responsável pelo tráfico de drogas e por práticas de extorsão em Sapucaia do Sul.
A ação foi conduzida pela 1ª Delegacia de Polícia do município, sob coordenação do delegado Marco Antônio Arruda Guns.
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Operação Dama de Copas: Polícia Civil desarticula esquema de tráfico e extorsão controlados de dentro de presídio
As investigações apontam que o grupo, ligado a uma facção atuante na Região Metropolitana de Porto Alegre, mantinha forte presença nas comunidades da Cohab e do bairro Feliz, também conhecido como Hortoflorestal. O comando partia de dentro do sistema prisional e era executado externamente por familiares.
Liderança feminina no esquema
Um dos principais líderes, recolhido na Penitenciária Modulada de Charqueadas, continuava a controlar as atividades por meio de sua companheira, identificada como a “Dama de Copas”. Mesmo preso, ele usava meios de comunicação clandestinos para comandar vendas, determinar estratégias e intimidar moradores.
De acordo com a investigação, cabia à mulher funções centrais:
• arrecadar o dinheiro proveniente do tráfico;
• supervisionar os responsáveis pela venda;
• organizar a logística da operação.
Entre maio de 2024 e março de 2025, ela movimentou mais de R$ 1 milhão, valor considerado exclusivo do comércio ilícito.
Câmeras clandestinas e intimidação da comunidade
Um dos aspectos mais surpreendentes revelados pela polícia foi o uso de câmeras de segurança instaladas em pontos estratégicos da Cohab. Os equipamentos, que simulavam monitoramento comunitário, eram utilizados para antecipar a chegada das forças policiais e fiscalizar vendedores, usuários e até moradores.
Segundo o delegado Guns, as imagens podiam ser acessadas em tempo real tanto pelo preso, dentro do presídio, quanto por sua companheira, em casa. As conversas entre ambos evidenciam a forma como monitoravam a região, reagiam à presença da polícia e mantinham o controle sobre o cotidiano dos moradores.
As investigações também confirmaram que o detento utilizava chamadas de vídeo para ameaçar vizinhos e obrigá-los a ceder apartamentos, usados como pontos de vigilância ou para estocagem de drogas.
Avanços da investigação
Na primeira fase da operação, a polícia já havia apreendido um veículo utilizado para recolher grandes quantias de dinheiro, além de celulares que revelaram detalhes da atuação criminosa. O conteúdo de um dos aparelhos da mulher serviu como base para as diligências atuais.
Nesta segunda etapa, a Justiça expediu 48 ordens judiciais, sendo:
• 21 de busca e apreensão;
• 21 de prisão temporária;
• 6 de prisão preventiva.
Até o momento, 14 pessoas foram presas nesta terça-feira, incluindo a líder apontada como “Dama de Copas”. Somadas às prisões anteriores, o total chega a 18. Outros nove investigados seguem foragidos.
Desmonte estratégico
Para o delegado Cristiano Reschke, diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, a operação representa um marco contra a criminalidade organizada em Sapucaia do Sul.
“A Operação Dama de Copas representa mais um importante avanço no combate ao tráfico de drogas em Sapucaia do Sul, especialmente pelo desmonte de estruturas sofisticadas que sustentavam a facção. A instalação de câmeras de monitoramento clandestino e a utilização de coação contra a comunidade demonstram o alto grau de organização e a brutalidade da atuação desses grupos.” destacou.
A Polícia Civil segue na busca dos foragidos e reforça que o objetivo central é neutralizar por completo a estrutura criminosa que operava dentro e fora dos presídios.