A empresa mais antiga do RS, a Azevedo Bento, encerrou suas atividades depois de 170 anos de funcionamento. Fundada em 1855, ainda no período do Império, a companhia começou como um armazém de secos e molhados no centro de Porto Alegre e atravessou gerações acompanhando profundas transformações políticas, sociais e econômicas no Brasil.

O fundador, o comendador João Batista Ferreira de Azevedo, abriu o negócio com a razão social Macedo & Azevedo. Ao longo dos anos, a empresa passou por mudanças de sócios e de nome, tornando-se Azevedo, Bento & Cia. em 1917. Seu catálogo de produtos foi diverso: no século 19, revendia alimentos, bebidas e até sabão. Assim, já no século 20, destacou-se no comércio de sal, cimento e bebidas, sendo dona da marca Pirata.

A importância da Azevedo Bento para o Estado é citada em registros históricos. O livro Pôrto Alegre – Biografia Duma Cidade, publicado em 1940, descreve que a firma construiu sólida reputação no comércio de alimentos finos como vinhos, azeites, queijos, bacalhau, açúcar e café, abastecendo tanto a capital quanto cidades do interior, além de manter filiais em Pelotas e Rio Grande.

Outro marco da trajetória foi sua atuação no setor de exportação, com armazéns próprios e representações de companhias de navegação e seguros, o que inseriu Porto Alegre em rotas comerciais nacionais e internacionais, incluindo a Europa e o Rio da Prata.
Mesmo assim, diante de guerras, crises econômicas e grandes enchentes que marcaram a história da capital gaúcha, como as de 1873, 1941 e a mais recente de 2024, a empresa conseguiu se manter. No entanto, em 2022 entrou em recuperação judicial e foi comprada pela Romani S/A Indústria e Comércio de Sal, do Paraná.
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Conheça a história da empresa mais antiga do RS que fechou as portas após mais de 100 anos: fim de uma era
Em comunicado sobre o fim das operações, a direção alegou que “fatores externos tornaram insustentável” a continuidade. Entre os motivos, a empresa citou a redução no calado da hidrovia até Porto Alegre após a enchente de 2024, que prejudicou ainda mais a logística.

Dessa forma, o fechamento da Azevedo Bento marca o fim de um ciclo da empresa mais antiga do RS, que resistiu por quase dois séculos, atravessando diferentes períodos da história do país.