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04 de setembro de 2025

Eventos climáticos extremos devem aumentar no Rio Grande do Sul, aponta estudo

Na prática, isso pode representar até três metros a mais no nível dos rios da Serra e um metro a mais no Guaíba

A tragédia climática de maio de 2024, que deixou 183 mortos e 2,4 milhões de pessoas afetadas no Rio Grande do Sul, pode não ter sido um caso isolado. Um estudo coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) revela que os eventos climáticos extremos devem se tornar mais frequentes e intensos nos próximos anos.

Enchentes no RS: estudo mostra riscos crescentes

O levantamento, intitulado “As Enchentes no Rio Grande do Sul Lições, Desafios e Caminhos para um Futuro Resiliente”, foi publicado após as fortes chuvas de 2024 e contou com a participação de 15 órgãos e universidades.

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De acordo com o estudo, as mudanças climáticas já dobraram a chance de desastres semelhantes ao ocorrido em 2024. Além disso, os volumes de precipitação podem aumentar até 9% em eventos futuros.

Sul do Brasil é a região mais vulnerável

Segundo as projeções, o Sul do Brasil concentra o maior risco de cheias severas no país. As vazões máximas dos rios podem subir até 20%, o que significa que enchentes que antes eram previstas para ocorrer a cada 50 anos podem se repetir a cada 10.

Na prática, isso pode representar até três metros a mais no nível dos rios da Serra e um metro a mais no Guaíba, que chegou a 5,37 metros em 2024, superando o recorde de 1941.

Chuvas de 2025 reforçam alerta

O estudo também ganha respaldo nos eventos recentes. Em junho de 2025, o Rio Grande do Sul voltou a enfrentar chuvas intensas que provocaram cheias nos principais rios do estado, deixando diversas cidades alagadas e quatro mortos.

O relatório da ANA aponta falhas graves na resposta às tragédias. Em Porto Alegre, 40% dos moradores atingidos não sabiam que viviam em áreas de risco, e não havia planos de evacuação. Além disso, estações de monitoramento estavam fora de operação, o que comprometeu os alertas e a atuação emergencial.

Medidas de prevenção propostas

O estudo sugere ações de curto e longo prazo para reduzir os impactos de futuros eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul.

Prevenção (ações não estruturais)

Mapeamento de áreas de risco

Inclusão de dados climáticos no planejamento urbano

Fortalecimento do monitoramento meteorológico

Criação de planos de evacuação e comunicação com a população

Obras (ações estruturais com R$ 6,5 bilhões previstos)

Construção de um dique em Eldorado do Sul

Reforço da estrutura do Arroio Feijó

Contenção dos rios Sinos e Gravataí

Caminho para um futuro mais resiliente

Para os especialistas, a tragédia de 2024 e as chuvas de 2025 mostram que o Rio Grande do Sul precisa investir em infraestrutura e planejamento para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Sem medidas efetivas, tragédias como as já registradas podem se repetir em intervalos cada vez menores.

Matheus Ferreira
Matheus Ferreira
Estudante de jornalismo, o pelotense Matheus Ferreira escreve notícias sobre economia, segurança, cotidiano e saúde.
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