O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta quarta-feira (10/09) uma parceria com o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer para que o Brasil passe a produzir nacionalmente a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) — principal causador da bronquiolite e de quadros de pneumonia em crianças pequenas.
A vacina será distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com foco na imunização de gestantes, já a partir da segunda quinzena de novembro de 2025.
As primeiras 1,8 milhão de doses devem ser entregues até o final deste ano, sendo que 832,5 mil doses serão enviadas ainda em novembro. A estratégia de vacinação visa proteger o bebê desde a gestação, já que os anticorpos gerados pela mãe são transferidos para o recém-nascido.
Por que essa vacina é tão importante para bebês e gestantes?
O vírus sincicial respiratório é responsável por:
- 80% dos casos de bronquiolite
- 60% das pneumonias em crianças com menos de dois anos
- Internações frequentes em bebês prematuros e recém-nascidos
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 20 mil bebês com menos de 1 ano são internados anualmente no Brasil por complicações causadas pelo VSR. Em prematuros, o risco de morte é sete vezes maior do que em bebês nascidos a termo.
A vacina será para o vírus sincicial será aplicada em gestantes a partir da 28ª semana, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Comitê Técnico Assessor do Ministério da Saúde. A imunização proporciona proteção imediata ao bebê nos primeiros meses de vida, quando o organismo ainda é imaturo para reagir a infecções respiratórias graves.
Produção nacional do medicamento natalizumabe para esclerose múltipla
Além da vacina contra bronquiolite, o governo federal anunciou também uma parceria para que o Brasil produza o medicamento natalizumabe, usado no tratamento da esclerose múltipla do tipo remitente-recorrente, que representa cerca de 85% dos casos diagnosticados.
A produção será viabilizada por meio de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sandoz, com transferência completa de tecnologia, incluindo o processo produtivo do insumo farmacêutico ativo (IFA) e a formulação final do medicamento.
Atualmente, o natalizumabe já é oferecido pelo SUS, mas é fabricado por apenas uma empresa no Brasil. A iniciativa amplia a concorrência no mercado, reduz a dependência externa e fortalece a autonomia tecnológica do sistema de saúde pública brasileiro.
O que é a esclerose múltipla e como o natalizumabe ajuda?
A esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, comprometendo a condução de impulsos nervosos. Ela costuma surgir em adultos jovens entre 18 e 55 anos, sendo mais comum em mulheres.
A forma remitente-recorrente, tratada com o natalizumabe, é caracterizada por surtos de sintomas que desaparecem parcial ou totalmente e depois retornam. O medicamento atua reduzindo a inflamação e o número de surtos, proporcionando melhor qualidade de vida ao paciente.
No Brasil, a esclerose múltipla atinge cerca de 40 mil pessoas, e o SUS garante tratamento integral gratuito. Com a produção local do natalizumabe, o país avança em sua política de acesso universal a medicamentos de alto custo.
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Fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde
As novas parcerias fazem parte de uma política mais ampla do governo federal para reduzir a dependência externa e fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde.
Desde 2023, o Brasil vem retomando investimentos em pesquisa, produção nacional e inovação tecnológica no setor da saúde. A meta é que, nos próximos 10 anos, 70% das vacinas, remédios e equipamentos usados no SUS sejam produzidos dentro do país.
Estão previstos R$ 57,4 bilhões em investimentos até 2033, com recursos públicos e privados voltados à infraestrutura e transferência de tecnologia.
Parcerias entre instituições públicas e privadas
Durante a cerimônia de assinatura das parcerias, o ministro Alexandre Padilha destacou que o sucesso dessas iniciativas mostra que interesses partidários e empresariais não são obstáculos quando o objetivo é garantir saúde pública de qualidade.
“É uma proteção dupla: protege a gestante e o recém-nascido. E, ao mesmo tempo, garante transferência de tecnologia, inovação e geração de emprego e renda no nosso país”, afirmou Padilha.
O evento ocorreu em Brasília, durante a posse do novo diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, e dos diretores Daniela Marreco Cerqueira e Thiago Lopes Cardoso Campos.