O Mercado Livre está se preparando para entrar no mercado de varejo farmacêutico no Brasil, estimado em bilhões de reais, por meio da aquisição de uma farmácia em São Paulo. A iniciativa, considerada positiva para a companhia, pode gerar forte impacto na concorrência, segundo análises de grandes bancos e casas de investimento.
Para Alexandre Pletes, chefe de renda variável da Faz Capital, o setor farmacêutico tem alto apelo no varejo físico, com destaque para a recorrência de medicamentos de uso contínuo. Ele avalia que o Mercado Livre pode estar mirando justamente nessa demanda recorrente, o que representa uma oportunidade estratégica de crescimento.
Possível entrada do Mercado Livre em farmácias deve afetar concorrentes: Embora ainda não aprovada, a iniciativa tem chances de avançar
Na visão dele, grandes redes já estabelecidas, como RD Saúde (RADL3), Pague Menos (PGMN3) e Panvel (PNVL3), podem sentir os efeitos da movimentação da gigante do e-commerce. No entanto, por ainda não haver definição de como será a atuação da empresa no segmento, o mercado deve aguardar os próximos passos.
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Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Investimentos, concorda que a chegada do Mercado Livre pode afetar as atuais farmacêuticas. Para ela, o movimento inicial é positivo para a companhia, que pode ganhar escala em São Paulo e reduzir a presença de mercado das concorrentes.
“O setor já é competitivo, com margens baixas e preço como fator decisivo para o consumidor”, afirma Danielle, destacando que a expansão da big tech tende a pressionar ainda mais o setor.
Outro fator que pode alterar o equilíbrio do mercado é a proposta em discussão no Senado que permitiria a venda de medicamentos em supermercados. Embora ainda não aprovada, a iniciativa tem chances de avançar, já que é prática comum em outros países e amplia o acesso da população a medicamentos básicos.
Segundo analistas, pautas de caráter popular tendem a ter prioridade no Congresso, o que aumenta a atenção das redes de farmácias tradicionais.
De acordo com a XP Investimentos, a compra da farmácia em São Paulo deve funcionar como um projeto piloto. O plano futuro seria adquirir outras drogarias em pontos estratégicos, construindo uma rede nacional com capilaridade semelhante às grandes concorrentes.
Apesar do risco que a entrada de um player como o Mercado Livre representa, a XP ressalta que as redes tradicionais ainda têm vantagens competitivas, como a entrega ultrarrápida e o atendimento personalizado das lojas físicas, fatores que fortalecem a fidelização dos clientes.