Um novo estudo da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, acende um alerta para homens que consomem muitos alimentos ultraprocessados. Segundo a pesquisa, publicada na revista científica Cell Metabolism, esse tipo de alimentação pode causar queda na produção de espermatozoides, redução dos níveis de testosterona e impacto direto em hormônios essenciais ao metabolismo masculino — mesmo em homens jovens e saudáveis.
Os resultados surpreenderam os pesquisadores. “Ficamos chocados com a quantidade de funções corporais prejudicadas por alimentos ultraprocessados”, afirmou o biólogo molecular Romain Barrès, um dos autores do estudo.
O que são alimentos ultraprocessados?
Alimentos ultraprocessados são produtos altamente industrializados, que passam por diversas etapas de modificação e contêm aditivos, corantes, conservantes, aromatizantes e ingredientes artificiais. Eles costumam ter baixo valor nutricional e alto teor de gordura, açúcar e sódio.
Exemplos comuns incluem:
- Refrigerantes
- Bolachas recheadas
- Salgadinhos de pacote
- Produtos prontos congelados
- Gelatinas e sobremesas industrializadas
Como esses alimentos afetam a saúde masculina?
O estudo foi conduzido com 43 homens cisgêneros, entre 20 e 35 anos. Eles seguiram duas dietas diferentes, por períodos separados por três meses. Ambas tinham a mesma quantidade de calorias e nutrientes essenciais, mas com uma diferença-chave:
- Dieta 1: 77% das calorias vinham de alimentos ultraprocessados
- Dieta 2: 66% das calorias vinham de alimentos naturais ou minimamente processados
⚠ Resultados após dieta rica em ultraprocessados:
- Ganho médio de quase 1 kg de gordura corporal
- Aumento no organismo da substância cxMINP (relacionada a plásticos e disruptores hormonais)
- Redução de testosterona
- Queda do hormônio folículo-estimulante (FSH), essencial para a produção de esperma
Essas alterações indicam uma potencial ligação direta entre dieta pobre e infertilidade masculina.
“O problema não é só a quantidade”
A principal autora do estudo, a cientista nutricional Jessica Preston, destaca que os efeitos negativos não estão ligados ao excesso de comida, mas sim à qualidade e origem dos alimentos.
“Alimentos ultraprocessados prejudicam nossa saúde reprodutiva e metabólica, mesmo sem consumo excessivo”, alerta Preston.
Efeitos vão além da fertilidade
Esse não é o primeiro alerta vindo da ciência. Outros estudos já associaram o consumo frequente de ultraprocessados a:
- Obesidade
- Doenças cardiovasculares
- Diabetes tipo 2
- Câncer
- Declínio cognitivo
A novidade é que agora a saúde sexual e reprodutiva masculina também entra na lista de áreas afetadas — e os efeitos podem ser silenciosos e acumulativos.
Hora de repensar a alimentação
Mesmo sendo um estudo com amostra limitada, os resultados reforçam a necessidade de mudanças nos hábitos alimentares, especialmente entre homens jovens que muitas vezes negligenciam a saúde preventiva.
Recomendações para reduzir riscos:
- Priorize alimentos in natura (frutas, legumes, carnes, ovos, grãos)
- Reduza consumo de industrializados com muitos ingredientes desconhecidos
- Evite refrigerantes e produtos com embalagens chamativas, mas baixa qualidade nutricional
- Leia os rótulos: quanto mais ingredientes, maior a chance de ser ultraprocessado
Alimentação afeta mais do que parece
A ideia de que “você é o que você come” nunca fez tanto sentido. O estudo dinamarquês mostra que os efeitos dos alimentos vão além do peso na balança — atingem hormônios, fertilidade e funções metabólicas essenciais.
Com a crescente popularização de produtos prontos e de baixo custo, é fundamental estar atento ao impacto invisível que esses alimentos podem ter, especialmente em longo prazo.