Um estudo recente do Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, revelou que a metformina, um dos medicamentos mais utilizados para tratar a diabetes tipo 2, também atua diretamente no cérebro, e não apenas no fígado e no intestino, como se pensava anteriormente.
A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (17/09/2025) na revista científica Science Advances e pode mudar a forma como o medicamento é compreendido e utilizado no futuro.
Como a metformina atua no cérebro?
Os pesquisadores identificaram que a metformina age na região do ventromedial do hipotálamo (VMH) — uma área cerebral responsável pelo controle do metabolismo e do gasto energético.
Nessa região, a metformina inibe uma proteína chamada Rap1, que é ativa em neurônios SF1. Quando essa proteína está funcionando normalmente, ela pode elevar os níveis de glicose no sangue. Ao bloqueá-la, o medicamento melhora a regulação glicêmica.
Resultados dos testes em animais
Em testes com camundongos, os cientistas injetaram metformina diretamente no cérebro dos animais. O resultado foi uma redução significativa da glicose no sangue.
Já em roedores geneticamente modificados — que tinham a proteína Rap1 desativada — não houve resposta à metformina, confirmando que a eficácia do medicamento está ligada à ação sobre essa via cerebral.
Por que isso é importante?
A metformina é usada há mais de 60 anos no tratamento da diabetes tipo 2, mas seu mecanismo completo de ação ainda não era totalmente compreendido. A nova descoberta explica os efeitos amplos do medicamento no metabolismo e abre portas para o desenvolvimento de novas terapias mais específicas e eficazes.
O que é a diabetes tipo 2?
A diabetes tipo 2 é uma doença crônica caracterizada por:
- Resistência à insulina
- Aumento da glicose no sangue
- Fatores de risco: obesidade, sedentarismo, envelhecimento
Principais sintomas incluem:
- Sede excessiva
- Urina frequente
- Cansaço
- Perda de peso sem motivo
- Visão embaçada
- Fome constante
Tratamento
- Uso de medicamentos como metformina
- Aplicação de insulina (em alguns casos)
- Estilo de vida saudável: alimentação balanceada, atividade física e controle de peso
E os humanos? O que esperar?
Embora os resultados em camundongos sejam promissores, os autores do estudo alertam que ainda não está comprovado se o mesmo efeito acontece em humanos. Serão necessários novos estudos clínicos para determinar a eficácia da metformina no cérebro humano e sua influência no controle da glicose.