Um caderno entregue à polícia revelou que o número de animais eutanasiados em Canoas durante a gestão da ex-secretária Paula Lopes pode ser muito maior do que o registrado oficialmente.
Enquanto a operação Carrasco, realizada no início de setembro, havia identificado 239 mortes entre janeiro e agosto deste ano, o documento mostra 478 registros em apenas sete meses, o que representa uma média de 68 mortes por mês.
Segundo a delegada Luciane Bertoletti, da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas, o caderno era usado por uma funcionária da Secretaria do Bem-Estar Animal para contabilizar todas as mortes de cães e gatos, tanto as realizadas no abrigo municipal quanto em animais levados para atendimento externo.
“Era uma pessoa da confiança dela que fazia as anotações, que realmente aconteciam. Não eram os dados que iam para o sistema, mas eram os dados verídicos”, explica a delegada para GZH.
O material foi entregue por uma testemunha e é tratado como peça fundamental na investigação, já que indicaria subnotificação de eutanásias.
Os registros mostram variação mensal, mas apenas em julho teriam sido 190 mortes, o equivalente a seis por dia. Para a polícia, o volume reforça a suspeita de que muitas dessas eutanásias não foram incluídas no sistema oficial da secretaria, revelando um número real muito mais alto.
De acordo com a delegada responsável, os indícios apontam para a prática de eutanásias indiscriminadas, muitas vezes sem seguir os procedimentos legais. A apuração sugere que animais resgatados com doenças eram sacrificados mesmo quando poderiam receber tratamento, como forma de reduzir custos e ao mesmo tempo inflar estatísticas de atendimento da secretaria.
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Até agora, 15 pessoas foram ouvidas, entre testemunhas e ex-funcionários. O inquérito também investiga a origem de R$ 100 mil encontrados em espécie na casa de Paula Lopes e sua atuação paralela na ONG Instituto Paula Lopes. A ex-secretária é considerada o principal alvo da operação que apura possíveis maus-tratos de animais em Canoas.
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Uma pessoa que trabalhou na secretaria relatou que a funcionária responsável pelas anotações recebia os registros de óbito diariamente e os guardava de forma reservada em um armário. Os atestados de óbito, segundo a mesma fonte, eram assinados por diferentes veterinários que atuavam em turnos variados.
Prática ilegal
O Conselho de Medicina Veterinária reforça que a eutanásia só é aceita em casos sem possibilidade de cura e como forma de reduzir o sofrimento. Nesse contexto, a suspeita é de que o procedimento tenha sido aplicado de maneira irregular.
O que diz a ex-secretária
A defesa de Paula Lopes informou que os fatos ainda serão esclarecidos e que a ex-secretária se manifestará em momento oportuno.
