Pesquisas recentes indicam que o lítio, conhecido principalmente por seu uso no tratamento de transtornos bipolares, pode ter um efeito surpreendente contra a doença de Alzheimer e o declínio cognitivo. Estudos com doses baixas do elemento apontam para a possibilidade de redução de placas amilóides, emaranhados de tau e melhora da memória em modelos experimentais.
Lítio em baixa dose pode frear Alzheimer, indicam estudos recentes: papel na saúde mental
Embora o lítio seja amplamente utilizado na medicina psiquiátrica para tratar transtornos bipolares e depressões graves, apenas recentemente cientistas começaram a investigar seu efeito neuroprotetor. Observações clínicas mostraram que pacientes bipolares tratados com lítio apresentavam taxas de Alzheimer e demência similares à população geral, sugerindo que o elemento poderia proteger o cérebro contra o declínio cognitivo.
Evidências em estudos experimentais
Pesquisadores, como Bruce Yankner, da Harvard Medical School, observaram que cérebros cognitivamente normais contêm níveis residuais de lítio, enquanto aqueles com declínio cognitivo ou Alzheimer apresentam reservas ainda mais baixas. Em modelos animais, a administração de lítio ajudou a reduzir placas amilóides beta e emaranhados de tau, proteínas ligadas à degeneração cerebral.
O efeito do lítio pode estar relacionado à regulação da enzima GSK-3 beta e à ativação da autofagia, mecanismo pelo qual as células eliminam resíduos e toxinas. Com isso, a função cognitiva melhora, mesmo em estágios iniciais da doença.
Dosagem segura e estudos clínicos
Enquanto o tratamento para transtorno bipolar utiliza doses relativamente altas de lítio, os ensaios mais recentes com doses baixas (cerca de 50 mg diários) mostraram resultados promissores para prevenir o declínio cognitivo sem causar efeitos colaterais significativos.
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Pesquisadores, como Paul Vöhringer, estão recrutando idosos para ensaios clínicos visando testar a eficácia do lítio em doses baixas na prevenção da demência, especialmente em indivíduos com histórico de perturbações de humor e maior risco de Alzheimer.
Lítio como elemento essencial para o cérebro
Além de seu uso clínico, o lítio está presente naturalmente na água potável e nos alimentos, embora em quantidades muito pequenas. Estudos sugerem que mesmo traços residuais do elemento podem ter efeitos benéficos na saúde mental, na estabilidade emocional e na prevenção do declínio cognitivo.
“Não compreendemos completamente tudo o que o lítio fisiológico faz no cérebro, mas sabemos que ele desempenha um papel crucial na neuroproteção”, explica Yankner.
Próximos passos
O avanço nos estudos clínicos poderá abrir caminho para tratamentos preventivos ou terapêuticos contra Alzheimer utilizando lítio em doses seguras e acessíveis. Embora ainda sejam necessários mais estudos para definir protocolos e dosagens ideais, a descoberta coloca o lítio como um elemento promissor no combate ao declínio cognitivo e à demência.