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13 de outubro de 2025

Vodca russa salva homem intoxicado por metanol

Um caso inusitado registrado em São Paulo tem chamado a atenção de médicos e especialistas em todo o país. Um paciente de 55 anos teve a vida salva após médicos utilizarem vodca russa como antídoto improvisado contra uma intoxicação por metanol. O episódio reforça a gravidade do consumo de bebidas adulteradas e mostra como o etanol presente na vodca pode agir em situações de emergência.

Vodca russa salva homem intoxicado por metanol em São Paulo

O comerciante Cláudio Crespi, de 55 anos, passou mal após consumir vodca adulterada em um bar de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele foi internado em estado grave e entubado no Hospital Municipal José Storopolli, na Vila Maria. A equipe médica suspeitou de intoxicação por metanol, mas o hospital não tinha o antídoto específico disponível no momento.

Diante da urgência, os profissionais de saúde seguiram a orientação do Centro de Assistência Toxicológica e recorreram a uma garrafa de vodca russa com 40% de teor alcoólico, que havia sido levada ao hospital por familiares do paciente. A bebida foi administrada por sonda nasogástrica, em um procedimento supervisionado e autorizado por médicos.

Vodca russa realmente salvou o paciente?

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, o uso do etanol contido na vodca é uma alternativa reconhecida pela literatura médica quando há escassez de antídotos. O etanol compete com o metanol na metabolização pelo fígado, impedindo a formação de substâncias altamente tóxicas, como o formaldeído e o ácido fórmico — que podem causar cegueira e até morte.

Após o tratamento inicial com vodca russa, o paciente foi submetido a sessões de hemodiálise e recebeu doses controladas de etanol farmacêutico. Depois de duas semanas de internação, Cláudio recebeu alta hospitalar, embora tenha ficado com cerca de 10% da visão devido aos danos causados pelo metanol.

Entenda por que o metanol é tão perigoso

O metanol é uma substância usada como solvente industrial, combustível e componente químico em tintas e plásticos. Ele não tem cheiro nem sabor fortes, o que torna difícil sua identificação em bebidas falsificadas. Mesmo em pequenas quantidades, pode causar intoxicação grave, danos neurológicos e cegueira irreversível.

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Em 2019, um consenso internacional sobre surtos de intoxicação reconheceu o uso do etanol como antídoto do metanol, embora o medicamento mais indicado seja o fomepizol, muitas vezes indisponível em emergências.

Casos de intoxicação por metanol continuam crescendo

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil já registrou 29 casos confirmados de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas. São 25 casos em São Paulo, três no Paraná e um no Rio Grande do Sul. Cinco pessoas morreram e outras 12 mortes ainda estão sob investigação.

Guilherme Galhardo
Guilherme Galhardo
Estudante de jornalismo, apaixonado pela cultura POP, luta-livre, games, séries e filmes. Entusiasta de meteorologia e punk rocker nas horas vagas.
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