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Canoas
14 de outubro de 2025

Falsa psicóloga de Canoas é indiciada após anos atendendo crianças com registro falso e sem formação

O Ministério Público ofereceu denúncia e o processo criminal segue em tramitação na Justiça

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou Jéssica Duarte, de 33 anos, a “falsa psicóloga de Canoas” por estelionato, falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão. A mulher se apresentava como psicóloga especializada em neuropsicologia, autismo (TEA), TDAH e outros transtornos do neurodesenvolvimento, mas não possuía formação acadêmica nem registro profissional.

Conforme apurado, Jéssica utilizava ilegalmente o número de registro de uma psicóloga legítima da cidade de Ivoti, no Vale do Sinos, para prestar atendimentos em Canoas, Porto Alegre e Guaíba. O caso começou a ser investigado após a mãe de uma paciente notar irregularidades em recibos e buscar informações online, constatando que o nome profissional estava sendo utilizado de forma indevida.

A verdadeira psicóloga, ao tomar conhecimento da situação, registrou ocorrência na delegacia. A investigação revelou que Jéssica vinha atuando ilegalmente há mais de três anos e que, ao menos, 29 crianças e adolescentes, com idades entre três e 15 anos, foram atendidos por ela nesse período.

Falsa psicóloga de Canoas: prejuízo financeiro estimado em R$ 48 mil

Durante os atendimentos, a falsa psicóloga cobrava cerca de R$ 130 por sessão. Os levantamentos iniciais apontam um prejuízo de pelo menos R$ 48 mil causado às famílias das vítimas. A polícia acredita que o número real de atendidos pode ser muito maior, possivelmente chegando a centenas, dado o tempo de atuação da suspeita.

A 3ª Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente (3ª DPCA), coordenada pela delegada Alice Fernandes, concluiu o inquérito por estelionato. A pena pode variar de um a cinco anos de prisão, com aumento previsto de um terço até o dobro, por envolver vítimas consideradas vulneráveis (crianças e adolescentes).

Outros crimes, como falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão, também foram apurados pela Delegacia de Polícia de Ivoti, que igualmente concluiu pelo indiciamento.

Operação Superego apreendeu provas

A Polícia Civil deflagrou a Operação Superego na última terça-feira (15), com o objetivo de reunir provas materiais dos crimes. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, resultando na coleta de:

  • Receituários e fichas de atendimento;
  • Pastas com documentos e recibos de pacientes;
  • Carimbo com registro falso;
  • Cartões de visita e agendas;
  • Fotos profissionais com toga de formatura;
  • Um canudo de “formatura” em psicologia, sem validade legal.

Falsa profissional permanece em liberdade

Apesar da gravidade dos crimes, Jéssica Duarte responde em liberdade. Em depoimento, ela optou por permanecer em silêncio. A reportagem da Agência GBC tentou contato com a indiciada, mas não obteve retorno.

A denúncia já foi formalizada pelo Ministério Público, e o processo criminal segue em tramitação na Justiça. A Polícia Civil reforça que as investigações continuam e pede que outras possíveis vítimas se apresentem para prestar depoimento.

Alerta aos pais e responsáveis

A Polícia Civil orienta que pais e responsáveis verifiquem sempre o registro profissional (CRP) de psicólogos e terapeutas antes de iniciar qualquer acompanhamento clínico. O número pode ser consultado gratuitamente no site do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

📌 Saiba como denunciar

Casos semelhantes devem ser denunciados nas delegacias de polícia ou por meio do Disque-Denúncia 181. O sigilo é garantido.

Josué Garcia
Josué Garcia
Estudante de jornalismo e redator de SEO, Josué Garcia escreve sobre cotidiano.
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