A Polícia Civil deflagrou nesta quinta-feira (16) uma operação contra uma associação criminosa que aplicava o conhecido golpe do Falso Pai de Santo. A ofensiva, chamada de Falsa Fé, é resultado de uma investigação coordenada pela 3ª Delegacia de Polícia de Canoas.
Conforme a Polícia Civil, uma moradora do Vale do Sinos, viveu um pesadelo após cair no golpe após o término de um relacionamento. Em maio, ela teria visto um anúncio de uma suposta “Mãe de Santo” que dizia ter o poder de “trazer o amor de volta” por meio de rituais esperados.
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Na primeira conversa, a golpista que se apresentava como “Mãe Natasha” afirmou que poderia resolver o problema amoroso mediante um ritual de “amarração” no valor de R$ 300. A vítima realizou oi pagamento via PIX, mas, logo após, a falsa mãe de santo informou que seria necessário um “trabalho de dominação do coração”, exigindo mais R$ 750.
A vítima tentou desistir. Porém, foi informada que o cancelamento não seria mais possível porque os nomes já estavam na mesa. Devido a isso, as entidades poderiam puni-la caso interrompesse o processo.
O quase cancelamento deu origem a uma série de exigências e ameaças. A golpista alegava que as entidades espirituais exigiam novos rituais e dizia que os valores seriam devolvidos após cada ritual, o que nunca ocorreu.
Criminoso que integra grupo que aplica golpe do Falso Pai de Santo surgiu ameaçando vítima
Dias depois, a vítima foi procurada por um homem que se apresentou como “pai de santo” dizendo ser chefe do terreiro. De forma autoritária, ele começou a intimidar a vítima, dizendo que ela estava “enganando as entidades” e que sofreria consequências caso não realizasse os pagamentos exigidos.
Os golpistas se revezavam, por mensagens e ligações, utilizando uma linguagem mística e ameaçadora. A vítima, temendo ser exposta ao ex-companheiro, já que os criminosos diziam ter os dados dele, acabou cedendo às pressões.
Por dias, a vítima acabou realizando transferências via PIX e TED para diferentes contas bancárias. Em um mês, o montante transferido aos criminosos passou de R$ 180 mil.
O golpista chegou a pedir mais R$ 1,5 mil com a justificativa de que precisava comprar um bode preto para concluir os rituais. Depois, ele disse que o dinheiro da vítima estava bloqueado e que ela teria que pagar taxas adicionais para liberar os valores. Os criminosos utilizavam ainda falsos prints de conversas com supostos gerentes bancários para dar credibilidade as mentias.
Após sucessivos pagamentos e promessas não cumpridas, as ameaças continuavam e o golpista dizia que as entidades estavam furiosas com a vítima. Cansada e endividada, ela procurou a polícia e registrou ocorrência.
Operação mobiliza mais de 100 policiais
O crime é investigado como estelionato e extorsão. Mais de 120 policiais do RS e de São Paulo cumprem 18 mandados de busca e apreensão e sete de prisão temporária em São Paulo, Itapevi, Cotia e Jacareí.
Até o momento, seis pessoas foram presas. Um dos alvos segue foragido.
Os policiais apreenderam um veículo, celulares e bloquearam as contas bancárias dos investigados.
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De acordo com a delegada Luciane Bertoletti, titular da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas, o grupo criminoso atua de forma organizada. Eles utilizam perfis falsos para captar pessoas fragilizadas, geralmente em momentos de sofrimento emocional.
Já o delegado Cristiano Reschke, diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ª DPRM), reforça que a polícia tem alertado sobre os golpes cada vez mais sofisticados praticados nas redes sociais.