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18 de outubro de 2025

Estudo diz que eventos climáticos extremos serão mais frequentes no RS

Um novo estudo revela que o pior ainda pode estar por vir: os eventos climáticos extremos no RS devem se repetir com mais força e frequência.

Os eventos climáticos extremos devem se tornar cada vez mais comuns e devastadores no Rio Grande do Sul, segundo um novo levantamento da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O relatório, intitulado “As Enchentes no Rio Grande do Sul – Lições, Desafios e Caminhos para um Futuro Resiliente”, alerta que o Estado enfrenta um risco crescente de chuvas intensas, cheias históricas e deslizamentos de terra.

O estudo reuniu dados de 15 instituições e universidades e concluiu que as chuvas de maio de 2024 foram as mais intensas e abrangentes da história do Brasil. As mudanças climáticas, afirmam os pesquisadores, dobraram a probabilidade de novos desastres e podem deixar as precipitações até 9% mais fortes.

De acordo com as projeções, o Sul do país lidera o risco de novas cheias extremas, com aumento de até 20% nas vazões máximas dos rios. Isso significa que tragédias antes previstas para ocorrer a cada 50 anos poderão se repetir em apenas 10.

“Esses eventos vão se repetir. E vão se tornar cada vez mais fortes”, alertou Ana Paula Fioreze, superintendente da ANA PARA GZH.

Na prática, isso representa um salto preocupante: o nível dos rios pode subir até três metros na Serra Gaúcha e um metro no Guaíba, que já atingiu 5,37 metros em 2024, superando o recorde histórico de 1941.

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Falta de preparo agravou a tragédia

O relatório também evidencia falhas graves na resposta à tragédia de 2024. Cerca de 40% dos atingidos em Porto Alegre não sabiam que viviam em áreas de risco. A ausência de planos de evacuação, somada à falta de manutenção nas estações de monitoramento, dificultou os alertas e atrasou as ações das autoridades.

“A população precisa saber onde mora, quais os riscos e o que fazer quando o alerta tocar”, reforçou Fernando Fan, hidrólogo do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH).

Medidas urgentes para evitar novas tragédias

Entre as recomendações, os especialistas pedem ações imediatas que combinem prevenção e obras estruturais. Entre as principais medidas estão:

  • Mapeamento das áreas de risco;
  • Inclusão dos impactos climáticos no planejamento urbano;
  • Reforço no monitoramento hidrometeorológico;
  • Criação de planos de evacuação e comunicação com a população.

Além disso, um fundo de R$ 6,5 bilhões dos governos federal e estadual será destinado a obras como:

  • Construção de um dique em Eldorado do Sul;
  • Reforço no Arroio Feijó;
  • Contenção dos rios Sinos e Gravataí.

Porém, Fan alerta que as obras só terão efeito se acompanhadas de manutenção e integração com políticas preventivas.

O impacto das enchentes de 2024

A tragédia de maio afetou 2,4 milhões de pessoas em 478 municípios, deixou 183 mortos, 50 mil desabrigados e 15 mil casos de leptospirose. Em algumas regiões, a chuva ultrapassou 700 mm, e a Serra registrou mais de 15 mil deslizamentos.

A conclusão dos especialistas é unânime: o Rio Grande do Sul precisa se preparar com urgência para uma nova era de eventos climáticos extremos, mais fortes, mais frequentes e potencialmente ainda mais destrutivos.

Guilherme Galhardo
Guilherme Galhardo
Estudante de jornalismo, apaixonado pela cultura POP, luta-livre, games, séries e filmes. Entusiasta de meteorologia e punk rocker nas horas vagas.
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