Uma das marcas de uísque mais tradicionais do mundo, com 159 anos de história, está enfrentando uma grave crise financeira e pode recorrer à falência como estratégia de sobrevivência. O caso ganhou repercussão internacional após vir a público que a empresa entrou em processo de reestruturação e está sendo administrada judicialmente por falta de liquidez.
A crise que ameaça um legado histórico
Apesar de ser reconhecida mundialmente por sua origem ligada ao período pós-escravidão nos Estados Unidos e por carregar uma trajetória marcada por superação e relevância cultural, a empresa vive hoje um dos momentos mais delicados de sua existência. A marca que enfrenta esta luta é a Uncle Nearest, que mantém forte ligação histórica com a criação do uísque norte-americano moderno.
Fundada a partir do legado do mestre destilador americano Nathan “Nearest” Green, cuja relação com a formação do império Jack Daniel’s foi revelada apenas décadas depois, a marca renasceu nos últimos anos como símbolo de reconhecimento histórico. No entanto, o crescimento rápido não foi acompanhado de equilíbrio financeiro.
Venda de propriedades e corte de investimentos
A empresa foi forçada a colocar à venda vinhedos na França e imóveis de alto valor, adquiridos durante um ousado plano de expansão para o mercado de conhaques. O projeto, entretanto, foi abandonado por falta de capital. Agora, os ativos estão sendo negociados para tentar evitar o colapso total.
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Segundo informações do processo judicial, a companhia está sob gestão do administrador Phillip G. Young Jr., que tenta reorganizar as contas e recuperar credibilidade com credores e investidores. Ele afirmou que a marca principal ainda tem relevância de mercado e pode voltar a crescer caso consiga atrair novos aportes.
Possível pedido de falência sob Capítulo 11
Young não descarta que a empresa recorra à falência sob o Capítulo 11, mecanismo da legislação dos Estados Unidos que permite reorganizar empresas endividadas sem encerrar as operações. Porém, ele afirmou que prefere evitar uma “venda precipitada” do negócio, medida defendida por parte dos credores.
A principal pressão financeira vem da instituição Farm Credit Mid-America, que entrou com ação que resultou na intervenção externa na gestão da marca. Apesar das tensões iniciais, Young afirma ter reconstruído a relação com os credores.
Gestão anterior e erros estratégicos agravaram situação
Documentos do processo apontam que falhas administrativas, falta de governança e problemas contábeis agravaram a situação financeira. Decisões consideradas arriscadas e mal planejadas teriam levado a empresa a operar no vermelho por longos períodos, até chegar ao atual cenário de risco de falência.
Futuro ainda é incerto, mas empresa aposta em retomada
Mesmo em meio à crise, a atual administração afirma que existe potencial para recuperação. A estratégia é reduzir operações paralelas, fortalecer a linha principal de uísques e atrair investidores internacionais. Young descreve a marca como “resiliente” e acredita que ainda há mercado para crescimento.
Enquanto o processo segue na Justiça, a incerteza continua. Para muitos, o destino da marca será um novo capítulo sobre superação. Para outros, será apenas mais uma história de tradição ameaçada pela má gestão.

