O lançamento da “Bet da Caixa”, nova plataforma de apostas esportivas da Caixa Econômica Federal, está causando mal-estar dentro do governo Lula. Prevista para estrear em novembro de 2025, a iniciativa promete movimentar até R$ 2,5 bilhões, mas já enfrenta resistência política e institucional, principalmente após o anúncio do bloqueio de beneficiários de programas sociais.
De acordo com o Ministério da Fazenda, quem recebe Bolsa Família, Auxílio Gás ou BPC (Benefício de Prestação Continuada) não poderá criar contas em plataformas de apostas, inclusive na futura bet oficial da Caixa.
Bloqueio vale para todas as plataformas, inclusive a da Caixa
A restrição faz parte das novas regras da Secretaria de Prêmios e Apostas, que determinam o bloqueio automático de CPFs vinculados a programas sociais.
As operadoras deverão consultar o Sistema de Gestão de Apostas (Sigap), desenvolvido pelo Serpro, para cruzar dados com o Cadastro Único (CadÚnico).
Se o sistema identificar o CPF de um beneficiário, a plataforma deverá encerrar a conta e devolver o dinheiro em até três dias úteis.
A norma está em vigor desde 1º de outubro e as empresas têm 30 dias para se adequar.
Ou seja: a partir de novembro, nenhum beneficiário do Bolsa Família poderá apostar legalmente — nem mesmo na plataforma da Caixa.
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“Bet da Caixa” mira lucro bilionário — mas incomoda o Planalto
O presidente da Caixa, Carlos Antônio Vieira Fernandes, afirmou que o projeto poderá gerar entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões por ano, explorando o prestígio da marca estatal para conquistar apostadores.
A proposta inclui a possibilidade de apostas presenciais nas lotéricas, o que ampliaria o alcance da plataforma em todo o país.
Mas, segundo fontes do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou incomodado com a repercussão negativa da ideia e já convocou o dirigente da Caixa para uma reunião sobre o tema.
“A Caixa precisa decidir o que quer ser”
A reação de entidades civis e especialistas foi imediata.
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) classificou a criação da “Bet da Caixa” como “contraditória”:
“A Caixa precisa decidir quem quer ser: um instrumento de cidadania e desenvolvimento ou um operador de apostas digitais a serviço do lucro fácil”, disse o Idec em nota.
A economista e influenciadora Nath Finanças também criticou o governo nas redes:
“O governo não pode combater o vício em apostas e, ao mesmo tempo, criar sua própria casa de apostas”, publicou.
Governo endurece regras contra o vício em apostas
Nos últimos meses, o governo federal vem reforçando o controle sobre o setor de apostas, com medidas como:
- Taxação das bets privadas;
 - Obrigatoriedade de licenças nacionais;
 - Bloqueio de beneficiários sociais;
 - Monitoramento de movimentações suspeitas.
 
O objetivo declarado é proteger famílias em situação de vulnerabilidade e coibir o vício em jogos de azar, mas a entrada da Caixa no mercado levanta questionamentos sobre coerência política e ética.

