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07 de novembro de 2025

CNH sem autoescola: veja quando começa o novo modelo e como vai funcionar o processo de habilitação

54% dos brasileiros não possuem CNH

O governo federal está finalizando os ajustes do programa CNH do Brasil, que vai permitir que futuros motoristas não sejam mais obrigados a frequentar autoescolas.

A proposta autoriza que os candidatos façam a parte teórica online e realizem as aulas práticas com instrutores autônomos credenciados pelos Detrans.

A iniciativa foi desenvolvida pelo Ministério dos Transportes e já recebeu aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A expectativa é que o projeto seja lançado após a COP30, marcada para ocorrer entre 10 e 21 de novembro, em Belém (PA).

De acordo com o governo, o objetivo é tornar o processo de habilitação mais acessível e menos caro, especialmente para jovens e pessoas de baixa renda. Atualmente, tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) custa, em média, de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Com as novas regras, o valor pode cair para entre R$ 750 e R$ 1 mil, uma redução de até 80%.

A consulta pública sobre o texto foi encerrada no último domingo (2), e o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) deve avaliar as sugestões e definir a redação final até o fim de novembro. O governo pretende colocar o novo formato em vigor ainda em 2025, por meio de portarias, sem precisar de aprovação no Congresso.

Mesmo com a flexibilização, as provas teórica e prática continuarão obrigatórias. O que muda é a liberdade do candidato escolher como se preparar, podendo optar por aulas em um Centro de Formação de Condutores (CFC), ensino a distância (EAD) ou com instrutores autônomos certificados.

Como funciona hoje?

Atualmente, quem deseja tirar a CNH precisa:

Passar por avaliação psicológica e exame médico;

Cumprir 45 horas de aulas teóricas em autoescola;

Fazer o exame teórico;

Realizar 20 horas de aulas práticas;

E por fim, realizar o teste prático de direção.

Como será o novo modelo

Com o CNH do Brasil, todo o processo de habilitação será digitalizado. O candidato fará a abertura do processo pelo site da Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito) ou pelo aplicativo Carteira Digital de Trânsito (CDT).

As aulas teóricas poderão ser feitas:

Online, pelo sistema EAD;

Presencialmente nos CFCs;

Ou por meio de material gratuito oferecido pelo governo.

Já as aulas práticas poderão ser ministradas por instrutores independentes credenciados pelos Detrans, e identificados oficialmente na CDT.

Outra mudança importante será o fim da carga horária mínima obrigatória, permitindo que o candidato estude no seu próprio ritmo e agende as provas quando se sentir preparado.

O que muda com a proposta

Abertura do processo pela internet;

Fim da obrigatoriedade de frequentar autoescola;

Ensino teórico livre, com material online;

Treinamento prático com instrutores credenciados;

Uso de veículos próprios ou de instrutores nos exames;

CNH concedida mediante aprovação nos testes teórico e prático.

Inclusão social e críticas

Segundo a Senatran, 54% dos brasileiros não possuem CNH, e 18 milhões dirigem sem habilitação. O governo acredita que o alto custo das autoescolas é o principal obstáculo, representando 77% do valor total do processo.

Com o novo modelo, a expectativa é que mais brasileiros possam regularizar a situação e acessar novas oportunidades de trabalho, especialmente motoristas de aplicativo, caminhoneiros e entregadores.

No entanto, o setor de autoescolas se posicionou contra as mudanças. O presidente da Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto), Ygor Valença, afirmou que a entidade pretende acionar a Justiça para tentar impedir a implementação, alegando que a formação obrigatória é fundamental para a segurança no trânsito.

O governo, por sua vez, defende que o modelo segue exemplos de países como Estados Unidos, Canadá, Japão, Uruguai e Inglaterra, onde a formação é mais flexível e baseada na autonomia do cidadão.

Além disso, o programa também deve simplificar a formação de motoristas das categorias C, D e E, permitindo que outras entidades além dos CFCs ofereçam cursos, tornando o processo mais ágil e menos burocrático.

Matheus Ferreira
Matheus Ferreira
Estudante de jornalismo, o pelotense Matheus Ferreira escreve notícias sobre economia, segurança, cotidiano e saúde.
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