Quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o ranking de nomes e sobrenomes mais populares do país com base no Censo 2022, o que chamou a atenção de muita gente não foi o esperado domínio de “Maria” e “José”. O verdadeiro espanto veio ao descobrir um nome que ninguém imaginaria encontrar em pleno século XXI, um nome que carrega o peso de um dos períodos mais sombrios da história: Hitler.
Sim, o mesmo nome associado ao ditador alemão responsável pela Segunda Guerra Mundial e pelo Holocausto aparece registrado em solo brasileiro. A descoberta foi feita através da plataforma “Nomes no Brasil”, lançada pelo IBGE, que permite consultar quantas pessoas possuem determinado nome no país.
Ao digitar “Hitler” na busca, o resultado impressiona, e levanta uma série de questionamentos sobre cultura, memória e até sobre os limites da liberdade de registro civil no Brasil.
O dado que surpreende: existe mais de uma centena de “Hitlers” no Brasil
De acordo com o levantamento do IBGE, 168 brasileiros carregam o nome “Hitler” no registro de nascimento. O número é pequeno quando comparado a nomes populares como “Maria” (que ultrapassa os 11 milhões de registros), mas é o suficiente para causar curiosidade — e espanto.
O dado aparece dentro de um contexto mais amplo do ranking de nomes IBGE, que mostra as preferências e tendências de nomes em todo o território nacional. Além de “Hitler”, o Censo também revelou outros casos peculiares, como brasileiros registrados com nomes de personalidades políticas e artísticas conhecidas, entre eles “Lula” e “Neymar”.
Por que ainda existem pessoas com o nome “Hitler”?
O fenômeno pode ter várias explicações, e nenhuma delas é simples.
Primeiro, há a liberdade quase total que os brasileiros têm para registrar nomes, algo garantido por lei. O cartório só pode intervir se o nome for considerado vexatório ou ofensivo, o que nem sempre é consenso.
Além disso, muitos dos registros podem ter sido feitos décadas atrás, em um contexto cultural diferente. Há também casos em que o nome foi escolhido por ignorância histórica, sem plena consciência do peso simbólico que ele carrega.
LEIA MAIS:
- Endividados têm até 30 de novembro para participar do Feirão Serasa Limpa Nome e renegociar dívidas
- Gás do Povo: governo lança programa que promete botijão de graça para milhões de famílias
- Justiça nega indenização a vigilante demitido por causa de barba do trabalhador
Em alguns casos mais raros, o nome pode até ter sido escolhido como uma forma de provocação ou diferenciação, o que reforça a complexidade cultural por trás de uma simples certidão de nascimento.
Um retrato da diversidade (e das contradições) do Brasil
O ranking de nomes do IBGE mostra que o Brasil é um país de contrastes até na hora de batizar seus filhos. Enquanto nomes tradicionais, religiosos e afetivos dominam o topo da lista, outros (improváveis e controversos) também encontram espaço.
Os dados revelam mais de 140 mil nomes diferentes registrados no país. E entre Marias, Josés, Pedros e Anas, o surgimento de nomes como “Hitler” expõe uma mistura entre liberdade, desinformação e falta de consciência histórica.
Reflexão além da curiosidade
Mais do que uma simples curiosidade, o fato de ainda existirem brasileiros chamados “Hitler” abre espaço para uma reflexão sobre memória coletiva e responsabilidade histórica.
O nome, carregado de significados negativos, se tornou sinônimo de dor e intolerância, e seu uso hoje, ainda que de forma isolada, mostra como certos símbolos resistem ao tempo, mesmo quando representam o que a humanidade tenta esquecer.

