O Rio Grande do Sul está no coração de uma das faixas mais perigosas do planeta quando o assunto é fenômenos climáticos extremos. Conhecida como “corredor de tornados”, essa região abrange parte do Noroeste gaúcho, o Oeste de Santa Catarina e o Sudoeste do Paraná, e é considerada a segunda área com maior chance de tempestades severas do mundo, ficando atrás apenas do famoso “Tornado Alley”, nos Estados Unidos.
Nos últimos dias, o termo voltou a chamar atenção após uma sequência de tornados devastadores atingir o Sul do país, principalmente Santa Catarina, provocando destruição, prejuízos e mortes. Embora o impacto tenha sido forte, meteorologistas explicam que o fenômeno não é exatamente uma surpresa para quem vive nessa faixa do mapa.
O meteorologista Piter Scheuer lembra que a combinação de fatores climáticos que ocorre nessa parte do Brasil é quase única. “Essa é uma das áreas do planeta onde mais ocorrem tornados, perdendo apenas para o Meio-Oeste norte-americano. Isso acontece pelo encontro de massas de ar quente e úmido vindas da Amazônia com correntes frias e secas do Sul. É a receita perfeita para tempestades severas”, explica o especialista ao SBT.
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No caso do Rio Grande do Sul, municípios do Noroeste, especialmente nas regiões próximas a Frederico Westphalen, Três Passos e Palmeira das Missões, são os mais afetados. O relevo plano e o avanço rápido de frentes frias criam as condições ideais para que os ventos ganhem força e se transformem em verdadeiros redemoinhos de destruição.
De acordo com a Defesa Civil, os meses entre o fim do inverno e o início da primavera são os mais perigosos, justamente por causa do contraste entre o ar frio que vem do Sul e o calor úmido da Amazônia. Esse choque térmico intenso favorece não apenas tornados, mas também chuvas de granizo, vendavais e tempestades elétricas.
“Corredor de tornados”: RS está entre os Estados com maior risco de tempestades no mundo: situação já é preocupante em outras regiões
Em 2025, a situação já é considerada alarmante. Somente neste ano, Santa Catarina confirmou 15 tornados, número que não apenas supera os anos anteriores, mas também serve de alerta para o restante da Região Sul. Especialistas apontam as mudanças climáticas como um dos fatores que vêm intensificando e tornando mais frequentes os episódios de destruição.
“O aquecimento global tem deixado o clima mais instável. Isso afeta diretamente o corredor de tornados do Sul, que vem registrando fenômenos cada vez mais fortes e difíceis de prever”, reforça Scheuer.
Enquanto o mundo volta os olhos para o Sul do Brasil, autoridades reforçam o alerta: o corredor de tornados que atravessa o RS, SC e PR é hoje uma das áreas mais vulneráveis do planeta, e a tendência é que os eventos extremos se tornem cada vez mais intensos nos próximos anos.

