22 C
Canoas
24 de novembro de 2025

Luto na música: morre Jimmy Cliff aos 81 anos, o gigante do reggae que marcou gerações

Jimmy Cliff morre aos 81 anos. Veja na reportagem a trajetória, o legado e a forte relação do artista com o Brasil.

O mundo da música amanheceu de luto com a morte de Jimmy Cliff, um dos maiores nomes da história do reggae. A família confirmou, nesta segunda-feira, que o cantor jamaicano morreu aos 81 anos após sofrer uma convulsão seguida de pneumonia. O comunicado, assinado pela esposa, Latifa, comoveu fãs e artistas ao redor do planeta.

“É com profunda tristeza que compartilho que meu marido, Jimmy Cliff, partiu após uma convulsão seguida de pneumonia”, escreveu Latifa. Ela agradeceu o apoio de familiares, amigos e admiradores e lembrou que o carinho dos fãs sempre foi a força do artista ao longo de toda a carreira. A esposa também pediu privacidade e agradeceu à equipe médica que acompanhou o músico: “Jimmy, meu querido, descanse em paz.”

LEIA TAMBÉM:

Detalhes sobre cerimônias e homenagens serão divulgados pela família nos próximos dias. A perda de Jimmy Cliff apaga uma das vozes mais influentes do reggae, responsável por clássicos eternos como The Harder They Come, You Can Get It If You Really Want e Many Rivers to Cross. Sua importância ultrapassa fronteiras, e seu impacto cultural segue vivo em diversas gerações.

A relação de Jimmy Cliff com o Brasil

O Brasil recebeu a notícia com emoção particular. O país teve grande importância na trajetória do artista, que mantinha relação profunda com a cultura brasileira, com o público e com a música nacional. Mesmo aos 81 anos, Jimmy Cliff seguia ativo, compondo e preparando novos projetos. Seu último single, Human Touch, retomou o reggae dos anos 1960 e refletiu sobre solidão e reconexão em tempos de pandemia.

A ligação entre Jimmy Cliff e o Brasil começou em 1968, quando ele desembarcou no Rio para apresentar Waterfall no Festival Internacional da Canção. A viagem marcou sua vida e inspirou composições que se tornariam mundialmente famosas, como Wonderful World, Beautiful People. No mesmo ano, ele gravou o álbum Jimmy Cliff in Brazil, com capa icônica diante da Praia de Botafogo.

Durante os anos 1980, a presença de Jimmy Cliff no país era tão frequente que virou folclore entre fãs cariocas, que brincavam que bastava caminhar pela Zona Sul para encontrá-lo. O cantor ria dos comentários e dizia nunca ter certeza de quanto tempo viveu no Brasil. Em 1984, gravou no Rio o clipe de We All Are One e reforçou laços com a Bahia, onde mergulhou na história da diáspora africana.

Foi em Salvador que nasceu sua filha, Nabiyah Be, que anos depois brilhou no cinema no filme Pantera Negra, da Marvel, um orgulho imenso para o pai. A Bahia também marcou episódios importantes da carreira de Cliff, incluindo um show com Gilberto Gil em 1980, quando o cantor recebeu a notícia da morte do próprio pai momentos antes de subir ao palco. Ainda assim, ele cantou: “Veio uma energia muito forte aquela noite.”

O legado de Jimmy Cliff também se estende ao cinema: em 1972, ele estrelou The Harder They Come (Balada Sangrenta), filme que abriu portas internacionais para o reggae e para a cultura rastafári. Décadas depois, revisitou o clássico ao cantar Querem Meu Sangue com os Titãs no Acústico MTV, unindo gerações e consolidando sua ligação com o Brasil.

A morte de Jimmy Cliff encerra uma trajetória que atravessou culturas, uniu povos e tocou profundamente a música brasileira. Mas a voz permanece — nos discos, nos palcos e nas memórias espalhadas entre o Rio, a Bahia e tantos lugares onde ele foi celebrado. O reggae perde um gigante, e o mundo perde uma lenda que nunca será esquecida.

Guilherme Galhardo
Guilherme Galhardo
Estudante de jornalismo, apaixonado pela cultura POP, luta-livre, games, séries e filmes. Entusiasta de meteorologia e punk rocker nas horas vagas.
MATÉRIAS RELACIONADAS

MAIS LIDAS